domingo, 21 de dezembro de 2008

Queime Depois de Ler (Burn After Reading, 2008)

Por Bruno Pongas
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Depois de fazer sucesso e arrebatar prêmios e mais prêmios com o aclamado 'Onde os Fracos Não Têm Vez', os irmãos Ethan e Joel Coen voltam às raízes com mais uma comédia de humor ácido e muito refinado.
'Queime Depois de Ler' poderia ser mais uma comédia besta e sem sentido nas mãos de qualquer diretor, mas, sob a tutela dos Coen, se transformou em uma grande diversão e acima de tudo numa forte crítica. É bem verdade que para isso temos uma 'pequena' ajuda do estelar elenco - atores do mais alto escalão de Hollywood como Brad Pitt, John Malkovich e George Clooney, são colocados em papéis ridiculamente hilários que se interligam entre si da maneira mais bizarra e impessoal possível e tornam a trama ainda mais engraçada. Como se não bastasse, vemos a bela Frances McDormand muito bem e praticamente irreconhecível na pele da esquisita e ambiciosa Linda Litzke.
Os personagens - muito bem interpretados, diga-se de passagem - nos apresentam uma sátira e escancaram como somos idiotas e não temos o mínimo valor para as grandes instituições. J.K Simmons é um chefe de departamento na CIA que não faz nada o dia inteiro, apenas recebe informações de um subordinado e toma as decisões mais simplistas e compensatórias possíveis. John Malkovich também trabalha para a CIA, mas é demitido acusado de ser alcoólatra. Além disso, ele vive em uma forte crise conjugal com sua esposa. George Clooney é uma espécie de tira canastrão que nunca sequer precisou usar sua arma durante tantos anos de profissão. Assim como Malkovich, ele também passa por uma série de problemas em seu casamento. Brad Pitt é um completo idiota, instrutor de academia e sempre influenciado pela personagem de McDormand - gerente da academia em que Pitt trabalha e que tenta de tudo para conseguir fazer algumas cirurgias e 'melhorar' seu físico.
Um dos pontos fortes do filme é a construção dos personagens. Os diretores usaram boa parte da primeira metade da trama para apresentá-los ao público e dá-los vida; muito diferente do que costumamos ver na maioria dos filmes - personagens que surgem do nada, sem passado algum e sem nenhuma característica marcante. Em 'Queime Depois de Ler' quase todos têm vida, sabe-se o que fazem, as características psicológicas e os traços marcantes - bastante evidentes nos personagens de Pitt e Malkovich. Como disse um pouco mais acima, outro ponto forte e também bastante divertido é a maneira como as histórias se interligam - sempre da maneira mais imprevisível e original.
Em suma, o novo filme dos irmãos Coen rende boas risadas ao ridicularizar situações presentes no nosso cotidiano; ou seja, no final das contas gargalhamos de nós mesmos, do nosso dia-a-dia, do ridículo que somos e do descasso pelo qual nos fazem passar.
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Minha Nota: 8.5

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Homem de Ferro (Iron Man, 2008)

Por Bruno Pongas
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Confesso que nunca fui dos mais interessados em histórias em quadrinhos; não pelo fato de não gostar de HQ's, mas por não ter adquirido o costume de lê-los e também pela pouca divulgação veiculada aqui no Brasil.
Até simpatizo com heróis como Batman, Homem-Aranha e Capitão América - só para citar alguns exemplos -, mas estou longe de ser daqueles aficcionados que conhecem de cor tudo sobre a personagem e são capazes de esperar horas a fio em uma fila de cinema para assistir uma estréia desse tipo.
Pois bem; ontem, no conforto do meu lar, assisti ao blockbuster-mega sucesso de bilheteria, Homem de Ferro - baseado no HQ da Marvel. De início, sem dúvidas, houve um pouco de preconceito, já que, a não ser pelo pôster do filme, sequer conhecia a armadura do super-herói.
Não há como não dizer que me assustei ao começar a ver o filme; parecia mais uma daquelas histórias em que detonam os países do Oriente Médio e ao mesmo tempo endeusam e inflam o ego dos norte-americanos. Nessa parte, felizmente me enganei. Contudo, o diretor Jon Favreau comete alguns deslizes que merecem ser citados.
Me desculpem os fãs do HQ e os que acharam o filme um máximo, mas, sinceramente, achei a história e o roteiro um pouco defasados - parecem um pouco forçados e falta aquele quê a mais para o espectador. Outros defeitos que ao meu ver poderiam ter sido melhor trabalhados foram os trinta minutos finais da trama e principalmente o confronto derradeiro, que deixa muito a desejar - fica a impressão que foi tudo concluído com muita pressa e acabaram por atropelar a qualidade. Um último destaque negativo fica por conta da má utilização da atriz Gwyneth Paltrow; poderiam ter se aproveitado melhor do seu grande talento mas, infelizmente, seu papel ficou reduzido se comparado a outros dentro da trama.
Mesmo assim, tenho de admitir que o resultado final me surpreendeu. Apesar de ter lido algumas boas críticas à respeito, não botava muita fé no homenzarrão de lata. Na pele, ou melhor, na armadura do personagem principal, está o excelente Robert Downey Jr. Interpretando o milionário descompromissado da indústria bélica, Tony Stark, Downey dá um colorido especial à trama. Seu carisma, aliado à sua competência, contribuem e muito para o andamento do filme. Além disso, apesar de não ser das melhores adaptações já feitas de quadrinhos para cinema - Batman e Spider Man ficam à frente -, Homem de Ferro está longe de ser um produto ruim. Outro e último ponto positivo a ser destacado é a trilha sonora; o HQ é embalado por um rock que vai desde os australianos lendários do AC/DC ao rock moderno e contagioso dos britânicos do Muse, que interpretam a bela música 'Invincible'. Como não poderia deixar de ser, o som de encerramento fica por conta da também lendária banda Black Sabbath, que toca a inconfundível e propícia 'Iron Man'.
No final das contas, o diretor ainda deixa evidente seu posicionamento quanto à política armamentista também evidente norte-americana - eles próprios que fincanciam e lucram com as guerras pelo mundo. E ainda há quem diga que eles são os salvadores do planeta...

Minha Nota: 7.0

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Hooligans (Hooligans, 2005)

Por Alessandra Marcondes
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Para fugir do costume, publico hoje minha opinião sobre um filme triste, mas que não faz chorar. Sem piano de fundo, nem delicadezas que geralmente dão cor aos dramas de minha preferência, "Green Street Hooligans" é violento, repleto de testosterona e trata de um assunto que vai muito além da minha compreensão - o mundo do futebol. Deixo claro, então, que meu objetivo não é julgar se o filme foi ou não fiel à realidade das torcidas organizadas da Inglaterra; esta tarefa fica para quem a conhece mais de perto. Porém, sem abandonar minha 'personalidade mocinha' - que me fez desviar os olhos de muitas cenas violentas do filme, admito -, posso fazer algumas considerações quanto ao longa em si.
Frodo Bolseiro sempre será um hobbit ingênuo, e nada que Elijah Wood faça apagará tal fama. Mesmo assim, Lexi Alexander, que assina a direção, consegue extrair uma dose certa desta imagem frágil para constituir Matt Buckner, que entra perdido no meio da torcida violenta do West Ham United. Na trama, sua aproximação com os GSE (Green Street Hooligans) se dá após Matt ser expulso de Harvard por um delito que não cometeu; e o filme erra quando parte do princípio-clichê de que jovens revoltados catalizam suas frustrações de forma violenta. Por outro lado, quebra-se a crença de que a brutalidade nas torcidas cresce proporcionalmente ao baixo nível de instrução de seus indivíduos: a história acerta retratando torcedores que se defrontam com uma torcida inimiga, mas que têm de levantar cedo no dia seguinte para dar aula de história, pilotar avião ou exercer outras profissões socialmente aceitas.
É um filme de altos e baixos, no qual as cenas de confronto são um personagem à parte. Há quem diga que o sangue na tela acaba ocasionando mais sangue na vida real, e é verdade que "Hooligans" faz com que o espectador se identifique com um grupo passional, que faz de tudo em prol não só de seu time, mas da sua união, e desrespeita toda racionalidade necessária à manutenção da espécie. Contudo, o diretor consegue fugir de possíveis justificativas para a atitude dos briguentos, e termina sua história mostrando que a vida é muito mais do que o status buscado por quem faz parte da temida GSE. Em um detalhe, inclusive, quando Matt finalmente se vinga de seu inimigo principal, percebemos a opinião do autor da trama quanto às atitudes violentas retratadas pelo filme.
As cenas das brigas recebem cortes inteligentes que não permitem ao espectador se perder entre os golpes, mas são capazes de poupar o estômago dos mais fracos. Mesclando tomadas lentas e rápidas, a fotografia também foi muito bem escolhida em suas cores frias, contrastando com o calor do momento e com um sangue mais vermelho do que nunca. Vale a pena comentar que, infelizmente, a figura feminina capaz de equilibrar o filme tipicamente masculino é pouco utilizada, na pele da belíssima Claire Forlani, de "Encontro Marcado".
O filme vale a pena não só para os homens que se deliciam com cenas de ação, nem para as mulheres que se contentam com o rostinho bonito de Charlie Hunnam, que interpreta o líder da GSE. A briga final, onde homens marcham feito soldados, rumo à incerteza e embalados por uma música que romantiza possíveis heróis, provoca reflexão sobre a violência em geral. Concluo então que guerras político-econômicas não passam de brigas entre gangues de jovens que, mesmo crescidinhos, ainda não possuem nenhum discernimento no que diz respeito aos seus motivos para perturbar a paz.
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Quando você percebe que o seu corpo não é feito de vidro
Não se sente vivo, se não testar os seus limites a todo momento

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Lemon Tree (Etz Limon, 2008)

Por Bruno Pongas
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O conflito árabe-israelense ocorre desde o final do século XIX no Oriente Médio. Até hoje, diversas foram as tentativas de selar a paz na região - a maioria delas frustrada. Disputa de terras estratégicas comercialmente e ideologias religiosas completamente distintas estão entre os principais motivos para o eterno desgaste. Este é um simples panorama do cenário que encontraremos no filme "Lemon Tree".
Em linhas gerais, o enredo conta a história de Salma Zidane - uma viúva palestina detentora de uma generosa plantação de limoeiros - que vê sua vida virar um verdadeiro desastre após a chegada de seu novo vizinho - o ministro da defesa de Israel. Incomodados com um possível ataque dos grupos terroristas palestinos vindos da vasta plantação, o ministro opta pelo mais simples; em meio a diversas alternativas mais humanas, ele prefere ordenar que se acabe com os limoeiros.
Obviamente o objetivo do diretor Eran Riklis é ir muito mais além de uma história fictícia e inocente. O que acontece com Salma no filme, acontece com muitas pessoas na vida real; histórias essas que acabam sendo ingnoradas e esquecidas pela grande mídia. Entretanto, Riklis consegue tratar dessa cruel realidade com uma beleza e sentimentos que envolvem profundamente o espectador. Torna-se impossível não se solidarizar com uma uma mulher que vê seu único grande patrimônio sendo degradado aos poucos pela falta de bom senso daqueles que esbanjam poder. Ao mesmo tempo, é difícil não se emocionar com o pseudo-romance vivido por ela ao desenrolar da trama.
Também fica evidente o descaso das autoridades e os jogos de poder que envolvem determinadas situações; da mesma maneira que é indignante ver o ministro 'calando' sua esposa - que é contra o fim dos limoeiros. Também causa repúdio o desumano veredito final da Suprema Corte de Israel.
"Lemon Tree" vale pela sua dramática e tocante beleza; inegavelmente um excelente filme, brilhante direção e, desconhecidos, porém ótimos atores.
A curiosidade fica por conta das cenas em que o advogado de Salma - personagem vivido por Ali Suliman - aparece vestindo uma jaqueta com uma bandeira do Brasil; como se não bastasse, em uma dessas cenas ele acorda na casa de Salma, e, em cima de sua cama há um pequeno retrato do craque francês Zinedine Zidane; coincidentemente carrasco do Brasil na Copa do Mundo de 1998. Mera coincidência?
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Minha Nota: 9.0

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Canções de Amor (Chansons D'amour, Les , 2007)

Por Alessandra Marcondes
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Fui assistir "Les Chansons d'amour" sem idéia do que se tratava, no embalo de dois amigos em que confio quando a questão é cinema. Talvez eu o tivesse descartado através da sinopse, pois não morri de amores pelos últimos filmes que vi nem com Ludivine Sagnier ("Uma garota dividida em dois") nem com Louis Garrel ("Em Paris"). Porém, logo na cena inicial, o diretor Christophe Honoré ganhou meu voto de confiança: a música pop de Alex Beaupain (autor inclusive da canção que salva "Em Paris", na cena do telefone) é cantada pelos próprios atores, sem os frufrus da maioria dos musicais. Daí em diante, dançarinos brilhantes não surgirão de fora da tela, nem haverá orquestras rebuscando músicas românticas... Apenas as personagens darão conta de mostrar o quão complexo é o relacionamento amoroso entre duas (ou mais) pessoas.
Entre diálogos, canções e a belíssima Paris como cenário, a trama não perde tempo. Pode-se dizer que o longa tem ritmo acelerado pois trata de muitos acontecimentos e personagens pelo caminho, com um ponto de virada crucial que desencadeará diversas outras surpresas. Para manter a velocidade dos fatos sem se perder no conteúdo, Honoré tem de sacrificar o tratamento dado à relacão de Ismael (Garrel) com Julie (Sagnier), por exemplo - o espectador mal entende se existe ou não amor entre os dois, e já tem de passar para a próxima 'fase', digamos assim.
De qualquer maneira, a história dramática é percebida para aqueles que se prendem a cada detalhe, ou à 'beleza do gesto', como propõe Ismael quando o assunto é amor. As seqüências tristes demais (mas belíssimas, com destaque para a cena de Chiara Mastrioanni no parque) recebem cortes inteligentes que misturam os sentimentos de quem assiste. A dor de se perder alguém querido sem conseguir seguir em frente é grave demais, mas é impossível passar sem um sorriso no rosto pela conversa em que Julie conta para a sua mãe que está envolvida em um ménage a trois. Ou quando Jeanne (Mastrioanni) flagra o ex-namorado 'hetero' de sua irmã na cama com outro.
Se for pra tirar uma lição maior, o filme nos mostra que não há limites para o amor. Se encaixa perfeitamente na modernidade volátil em que vivemos, pois aquela idéia antiga de termos uma única chance para encontrar nossa alma gêmea vai de encontro à busca pela felicidade plena que nossa individualidade estabeleceu. Honoré foge dos esteriótipos, respeitando diferentes manifestações de sexualidade entre suas personagens, e demonstrando que aproveitar os pequenos detalhes é muito mais importante do que estabelecer se devemos amar só homens, só mulheres, só uma, duas, ou três pessoas.
Um filme bonito, que deixa aquele sorriso doído no rosto enquanto passam os créditos. A trilha sonora vale por si só, mas quando associada à sensibilidade na expressão de cada ator, e manuseada pelos dedos de algodão de Christophe Honoré, se transforma em um produto explêndido e diferente de tudo que já se viu.
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Mas um amor que realmente dure
Faz os amantes menos belos
O passar do tempo
Rouba o que temos de melhor

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O último rei da Escócia (Last King of Scotland, The, 2006)

Por Bruno Pongas
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Antes de tudo, prefiro fazer uma breve introdução sobre quem foi Idi Amin, personagem principal do filme, vivido brilhantemente pelo vencedor do Oscar, Forest Whitaker. Amin, ex-chefe do exército ugandense, tomou o poder em Uganda através de um golpe de estado, que derrubou o então presidente Milton Obote. O discursso carismático e convincente, que é inclusive retratado no filme, serviu apenas de fachada para o início de uma ditadura repressiva e perseguidora. Ao longo de oito anos no poder, Amin afundou o país em uma das piores crises de sua história, e como se não bastasse, matou cerca de 300 mil pessoas, a maioria delas ex-seguidores de Obote.
A história gira em torno de Nicholas Garrigan, médico escocês recém-formado que pretende exercer sua profissão. Após escolher seu destino, Garrigan vai para Uganda e se instala em um vilarejo próximo à capital Kampala. Sua missão é cuidar da população local, que conta com o auxílio de apenas um médico e com condições de trabalho precárias. As histórias do jovem médico e do cruel ditador se cruzam a partir do momento em que Amin sofre um pequeno acidente e Garrigan é recrutado para ajudá-lo. Encantado com os métodos do garoto (muito bem interpretado por James McAvoy, diga-se de passagem), Amin decide então convidá-lo para ser seu médico particular.
Um dado muito interessante, é que o filme passa longe de ser aquele típico clichê, que mostra o vilão como um ser abominável durante todo o tempo. Aliás, é difícil ver algo que retrate o continente africano sem apelar para a miséria excessiva ou para o duelo entre os bonzinhos contra os malvados. Um grande exemplo desse tipo de história aparece em 'Diamante de Sangue', que apesar de conter essa 'falha', considero-o um ótimo filme. Voltando ao assunto, é nesse ponto que considero 'O último rei da escócia' diferenciado; Idi Amin, apesar de repressor e cruel, tem seu lado humano, que também é retratado na trama. Em certos momentos ele é uma pessoa engraçada, cordial e verdadeira.
Outro ponto que considero extremamente feliz, é o fato de se contar uma história diferente; de pessoas que também foram repugnantes na história da humanidade, mas que infelizmente são pouco conhecidas mundo afora. Se torna um pouco cansativo ver retratados sempre os mesmos indivíduos, como é o caso do ditador nazista Adolf Hitler. Nada contra ele, nem contra ninguém, só acho que seria mais interessante saber da história e da origem de pessoas diferentes e até certo ponto desconhecidas.
O diretor (Kevin Macdonald) acerta em diversos pontos; foi capaz de fazer um filme interessante e até certo ponto diferente; retratou com primor os anos de caos que Uganda viveu durante o período Amin. Após ler e conhecer um pouco mais sobre a história do ditador, acho que Macdonald falhou em apenas um ponto; ele podia ter mostrado o encontro entre o chefão ugandense e o Papa João Paulo I, que ocorreu no ano de 1975. Mas, como nada é perfeito, 'O último rei da Escócia' fica marcado por grandes atuações de seus atores principais e por ser um excelente filme.
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Minha Nota: 8.5

terça-feira, 19 de agosto de 2008

O Escafandro e a Borboleta (Scaphandre et le Papillon, Le, 2007)

Por Alessandra Marcondes
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Várias histórias dramáticas apelam para um sentimentalismo exagerado do espectador; é só expor a platéia à música certa, combinada com uma cena tocante, que temos o golpe certeiro: 'snif snifs' espalhados por toda a sala de cinema. "O Escafandro e a Borboleta" trata de uma história extremamente triste, dramática, desesperadora e REAL. Assim, as condições são mais do que perfeitas para o diretor exercer seu sadismo incontrolável para cima dos sentimentais de plantão. É o que acontece?
Vi o filme já há um tempinho, mas como é uma exceção inteligentíssima à regra, não pude deixar de escrever meu relato a respeito. A trama é baseada na biografia do editor da revista Elle francesa, Jean-Dominique Bauby, que ficou com o corpo inteiro paralisado após um acidente cardio-vascular, exceto pelo olho esquerdo. Sua vida anterior era marcada por festas, glamour, lindas mulheres e fama, até que um dia ele acorda encerrado em uma espécie de 'escafandro' - roupa de mergulho impermeável com tubo para respiração artificial, que traduz bem seu estado de isolamento interior -, sem poder consertar os seus erros, correr atrás das coisas que não fez, ou ao menos desabafar sobre sua condição com ninguém.
Seria um clichê, se o diretor Julian Schnabel não tomasse o cuidado de interromper bruscamente as cenas que evidenciam a triste situação do protagonista com uma seguinte mostrando o mesmo homem antigamente, sem carinho ou compaixão pelo pai, pela mulher, pelos filhos. Ao mesmo tempo, o cinismo imprescindível do ator Mathieu Amalric nos faz reconhecer naquele pobre inválido o esnobe que ele era, divertindo o espectador ao longo de um filme que vai muito além da cama do hospital.
Pequenos detalhes da vida de um paciente com essa chamada Síndrome Locked-in são costurados ao longo da trama. Enxergar com um olho só limita o campo de visão e, sem poder movimentar a cabeça, Bauby fica a mercê da posição de quem está na sua frente. A falta de comunicação o impossibilita de falar ao telefone com pessoas que não podem visitá-lo, ou até mesmo de impedir o médico de desligar a televisão quando ele está assistindo o jogo de futebol. Sem expressões faciais, fica impossível demonstrar o carinho que devia pelos filhos, ou mostrar para a médica que não se importa com piadinhas que os outros façam sobre sua situação.
Quando nos deparamos com alguém vulnerável e dependente, agimos de acordo com o que restou de solidariedade dentro de nós, baseados no auxílio mútuo e no amor ao próximo. Porém, ajudamos a pessoa em questão por causa da culpa de não aproveitar a vida no meio da correria profissional, e dar valor aos bens materiais em detrimento às pessoas à nossa volta. O filme mostra que nós já sabemos da fragilidade da existência e da superficialidade do homem, mas continuamos sem fazer nada a respeito. Percebe-se que a vida funciona em cima das pequenas coisas, e comprar um carro conversível, ir a grandes festas e saltar de pára-quedas são acontecimentos demasiadamente valorizados, mas nada disso seria possível com o básico do básico da existência - o movimento, a saúde do corpo, a conexão com outras pessoas.
'O Escafandro e a Borboleta' pode ser visto como uma lição de vida, pois Bauby assume as responsabilidades de seus atos e não cai em depressão, preferindo se agarrar à sua interioridade com unhas e dentes. Sua imaginação ficcional foi escrita no livro por frases que ele se esforçava para não esquecer até a hora de sua auxiliar-escrivã chegar no hospital; já na tela, foi transposta por uma narração não linear acompanhada de simbolismos cuidadosamente usados e uma fotografia deliciosa. Acima de tudo, uma lição para a nossa vida: racional, sem exageros, belamente construído, e para se pensar.
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O escafandro torna-se menos opressivo e o espírito pode vagabundear. Como uma borboleta. Há tanta coisa a fazer.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Batman - O Cavaleiro das Trevas (Dark Knight, The, 2008)

Por Roberto Camargo
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Quem teve a ousadia de me procurar no dia 18 de julho de 2008 não me encontrou. Para qualquer pessoa que aprecia um bom filme, esse dia havia se tornado feriado desde que foi anunciado como a estréia da continuação do renovado guardião de Gotham. Eu estava debaixo de uma máscara de morcego e envolto por uma capa preta. Mentira. Mas não nego que essa idéia chegou a passar pela minha cabeça.
Muita expectativa foi gerada ao redor de Batman – O Cavaleiro das Trevas. Li inúmeras críticas relacionadas à película, a maioria positiva e uma ou duas que falavam alguma coisa de ruim. Sentei-me na sala de cinema pronto para ver uma atuação de Heath Ledger digna do Oscar. Esperava, novamente, por um show de ironia por parte do Alfred de Michael Caine. Rezava por uma Rachel Dawes mais convincente na pele de Maggie Gyllenhaal. Ansiava por Christian Bale e sua reinvenção do melhor herói dos quadrinhos.
Vi exatamente o que esperava. E mais! Um Aaron Eckhart dando verossimilhança para seu Harvey Dent. E os também notáveis Lucius Fox de Morgan Freeman e comissário Gordon de Gary Oldman. Mas mais do que tudo, o que mais me entreteve foi o roteiro bem amarrado, um tabuleiro de xadrez no qual o movimento de uma única peça define o rumo de todo o jogo. Créditos para Christopher Nolan que nos brindou com uma narrativa densa, atuações brilhantes e uma aula de ação com elementos de drama e comédia.
A primeira cena do filme nos dá um gostinho de toda a insanidade que vem pela frente. Um assalto a banco feito por ladrões vestindo máscaras de palhaço. Um palhaço matando o outro, por ordens do chefe, para que a quantia roubada fosse dividida entre menos pessoas. O chefe é o Coringa. A segunda cena mostra uma transação entre os membros da Máfia e o vilão do primeiro filme, o Espantalho. A ação é interrompida por um grupo de Batmans armados. Após uns instantes de tiroteio, eis que surge o original.
Nota para a visão colocada pelo diretor. Uma vez que uma pessoa normal coloca uma fantasia e resolve virar o herói da cidade, ele será seguido por outras pessoas que também acreditam poder carregar esse fardo. A realidade está bastante presente no longa. Dessa vez, o cavaleiro negro sai ferido. Bem ferido.
Não posso contar mais nada. Bem que queria. Recomendo. Assistirei novamente sem dúvida. É um filme com cenas de ação que não deixarão com que pisquem. Um filme com um herói mais humano, mais fraco, mais covarde, mas mesmo assim, mais Batman do que nunca. Um filme que mostra a queda de um homem e o nascimento de um vilão. Um filme sobre esperança, sobre loucura, sobre coragem e sobre sacrifício. Um filme fúnebre, como a morte de seu mais talentoso filho. Um filme dark, como Batman mostrou que deve ser.
Entrei no cinema com a esperança de ver o melhor filme da temporada. Saí com a certeza. E não pensem que se esquecerão com facilidade da risada de Heath Ledger, para sempre Coringa. Descanse em paz.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Batman: O Cavaleiro das Trevas (Dark Knight, The, 2008)

Por Guillermo Lagreca
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Este com certeza foi o filme mais esperado para o ano de 2008. Muita expectativa em torno do último filme terminado por Heath Ledger, além de contar a parte da história do Batman que mais agrada aos fãs do mascarado. E deixou a desejar, e muito. O diretor Christopher Nolan parece perdido. Tornou o filme tão longo que a principal sensação que tive foi a de que o filme poderia começar na metade e não mudaria em nada a evolução da trama. Tive a companhia de minha amiga Fernanda durante a epopéia e esta desferiu um comentário extremamente perspicaz: “Já não lembrava do começo do filme quando estava perto do fim”.
Bom, vamos tentar encontrar os pontos positivos do filme. O elenco está recheado de atores brilhantes. Christian Bale como Batman, Heath Ledger como Coringa, Michael Cane como Alfred, Aaron Eckhart como Harvey Dent, Maggie Gyllenhaal substituindo para melhor o papel de Rachel Dawes da fraca Katie Holmes, Gary Oldman como Jim Gordon e Morgan Freeman como Lucius Fox. E estes não fazem feio mas, tirando o papel do falecido Heath Ledger, não há espaço para brilhantismo na história das personagens.
A história concentra-se na disputa interminável de Batman com seu principal inimigo, o Coringa. É uma história já muito conhecida pelos fãs e acredito que o diretor poderia ter dado outro enfoque. Quem gosta de Batman já conhece o final da história e esperar 3 horas para ver isso acontecer é, no mínimo, maçante. Pelo menos, depois da primeira hora de filme, é ação atrás de ação. Para aquele que não liga muito para as entrelinhas da película isso pode ser um atrativo.
Agora sim falo do chamariz deste filme e da grande atração de Batman: O Cavaleiro das Trevas. Trata-se de Heath Ledger. O falecido ator realmente incorpora a personagem e nos brinda com um Coringa macabro, sarcástico e até certo ponto, profundo. Fica muito mais fácil entender o que se passa na mente do palhaço psicopata, mesmo que seja algo doentio. Sua atuação é digna de todos os prêmios possíveis. O Jack Nicholson que me desculpe, mas agora sim temos um Coringa digno de ser o arquiinimigo do morcegão.
Para finalizar, quero deixar registrada minha insatisfação com o Batman deste filme. No primeiro filme do mesmo diretor, o que mais agradou aos fãs era o Batman impiedoso apresentado, um Batman “do mal”, mil vezes melhor que os outros já encenados. Neste filme ele volta a amolecer. Nem quando cutucam sua ferida ele se parece com o Batman de Batman Begins. Foi triste, muito triste.
Sempre acompanhei a história do morcego paladino da justiça e também aguardava ansiosamente a estréia deste filme. Desapontamento é a melhor palavra.
Usando o modelo do nosso ávido colaborador Bruno Pongas, vou dar minha nota. 3,5.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Leões e Cordeiros (Lions for Lambs, 2007)

Por Bruno Pongas
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Um filme que trata sobre a guerra, mas que foge um pouco do usual. Essa seria uma boa definição para o que será visto em Leões e Cordeiros (Lions for Lambs). O filme, dirigido pelo também ator Robert Redford, tem seu enfoque na guerra americana contra o terror. É aí que começam as diferenças dele para os outros filmes que abordam o mesmo assunto.
Redford fala da guerra sob três pontos de vista: o do senador americano Jesper Irving (Tom Cruise), líder carismático e influente. Da jornalista anti-guerra Janine Roth (Meryl Streep) e do renomado professor universitário Stephen Malley (Robert Redford).
Além de não ser daquele tipo de filme que mostra a guerra apenas sob a ótica americana, na qual eles são sempre bonzinhos e estão sempre com a razão, a trama se diferencia no seu formato, pois ao invés de contar com tiros pra todos os lados, muitas mortes, e sangue pra lá e pra cá, Redford preferiu concentrar tudo em pequenas histórias: um bate-papo descontraído e animado entre o senador Irving e a jornalista Janine, na qual o personagem de Cruise tenta convencer a moça de que seu novo plano anti-terror é eficaz. Uma conversa entre o professor Malley e um de seus alunos 'prodígio'. E a última história composta por dois ex-alunos de Malley que, voluntariamente, decidem se alistar na guerra e passam a fazer parte do plano ofensivo imposto por Irving. É aí que as histórias se ligam em um filme que fica marcado principalmente pelas ótimas atuações do trio principal, levando a trama com muita tranquilidade. E o mais importante: não deixam um filme praticamente baseado nos diálogos ficar chato e sonolento.
É claro que, em meio a opiniões diversas dos personagens, o filme não é totalmente imparcial. O que é sem dúvidas uma qualidade perto do que vemos em Hollywood a respeito das relações norte-americanas com quem quer que seja. É interessante também pois deixa evidente a manipulação que ocorre nos bastidores do jornalismo.
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Minha Nota: 7.9

terça-feira, 8 de julho de 2008

Mediterrâneo (Mediterraneo, 1991)

Por Bruno Pongas
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Mediterrâneo é um filme pouco conhecido. Mesmo sem muito estardalhaço, a trama dirigida por Gabrielle Salvatore foi vencedora do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1991. Confesso que não tive oportunidade de assistir seus concorrentes, mas julgando pelo que vi em Mediterrâneo, se comparado a alguns dos vencedores do prêmio, o filme não fica devendo muita coisa.
É uma comédia/drama bastante inteligente; a história se passa durante a Segunda Guerra Mundial e gira em torno de um grupo de soldados italianos que é deixado em uma pequena ilha grega com a missão de defendê-la de possíveis ataques do inimigo. Ao desembarcar na ilha, os soldados não avistam ninguém; aparentemente, a população havia sido dizimada. Com o belo local desabitado, os rapazes aproveitam para descansar por alguns dias. Ao perceber que os soldados italianos não oferecem grande perigo, os moradores da ilha começam a surgir. Seus únicos habitantes são crianças e mulheres; os homens foram deportados devido à ocupação alemã. Em meio a tudo isso, surge um grande problema: o barco que trouxe os italianos a tal lugar foi afundado, e o rádio que serviria como meio de comunicação foi destruído. Sem possibilidade de ir embora, eles decidem ficar no local, esquecidos pelos compatriotas e sem nenhuma informação sobre o que acontece pelo mundo (inclusive na guerra).
Após três anos, que passam desapercebidos pelos soldados, um piloto italiano se vê obrigado a fazer um pouso forçado na ilha. Surpreso com a quantidade de tempo que o grupo havia passado lá, ele traz novidades e anuncia o fim da guerra. Tentados por uma vida promissora na Itália (que estava sendo reconstruída por ingleses e americanos), alguns dos soldados decidem voltar ao seu país após o término do regime facista.
Contei bastante sobre o filme, mas ainda tem muita coisa interessante que preferi deixar de lado para não tirar a vontade de quem, porventura, desejar assistir à trama. Mediterrâneo não é um filme brilhante, mas é um produto inteligente e interessante. Fica marcado pelo enredo político, pelas belíssimas paisagens e por boas atuações, principalmente do sargento Nicola Lorusso (Diego Abatantuono) e do tenente Rafaelle Montini (Claudio Bigagli)
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Minha Nota: 7.5

Duro de Matar 4.0 (Live Free or Die Hard, 2007)

Por Bruno Pongas
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John McClane está de volta! Ele retorna às telonas após 12 anos com mais um ótimo filme de ação. A história se passa na Nova York dos dias de hoje. McClane (Bruce Willis), recebe uma ordem para escoltar um hacker suspeito de invadir sistemas até o escritório do FBI. Quando chega ao local, percebe que o garoto estava envolvido com gente perigosa. É ai que um grande jogo começa; ao mesmo tempo que os terroristas vão atrás do garoto, que agora está sob os cuidados de McClane, eles invadem os sistemas de todo o país causando um caos sem tamanho. O objetivo, claro, é roubar dinheiro.
Duro de Matar chega ao quarto e provavelmente capítulo final da série. Os efeitos especiais estão mais vivos do que nunca e há muitas cenas pra lá de forçadas, que com toda a certeza poderiam ser melhor construídas para dar um pouco mais de realidade ao filme. Se bem que preocupação com realidade nunca foi algo muito relevante ao longo da série.
Confesso que tive minhas restrições quando fui assistir à trama. Afinal, além de sequências serem difíceis de agradar, quando um astro como Willis volta a atuar nesse tipo de filme, é porque, geralmente, está faltando dinheiro na conta bancária ou simplesmente se está deslocado do mercado. Felizmente, Duro de Matar 4.0 foge a essa regra. Bruce Willis está melhor do que nunca na pele do sarcástico detetive John McClane (como ele se sai bem nesse papel!), os diálogos são inteligentemente bem feitos, passam longe de ser fúteis e sem conteúdo. O filme é de qualidade e mantêm o nível da série. Pra mim, o segundo melhor entre eles.
Além de tudo, o diretor Len Wiseman não perde oportunidades para distribuir alfinetadas no governo americano, é uma atrás da outra. Um prato cheio para os anti-americanos.
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Minha Nota: 7.8

O Ultimato Bourne (Bourne Ultimatum, The, 2007)

Por Bruno Pongas
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A trilogia Bourne se encerra (?) em grande estilo. Com três Oscars na bagagem (Melhor Montagem, Melhor Som e Melhor Edição de Som) e com mais uma excelente atuação de Matt Damon (Os Infiltrados), O Ultimato Bourne foge do esteriótipo das sequências que, na maioria das vezes, são feitas apenas para ganhar dinheiro, mas carecem de qualidade. A nova trama vivida por Jason Bourne (Matt Damon) não pára um minuto sequer, é ação do começo ao fim.
Para quem não viu os outros dois filmes da trilogia, faço uma pequena introdução ao leitor: Bourne foi encontrado por pescadores franceses, completamente debilitado e sem memória. Sem descanso, ele viaja de país em país na tentativa de descobrir sua real identidade. Entretanto, nessa busca incessante, ele é perseguido por agentes especiais altamente treinados já que a descoberta de quem realmente é Jason Bourne prejudicaria muita gente.
Nessas idas e vindas, o personagem principal passa por muitas adversidades; inclusive chega perto da morte em vários momentos. Isso faz de Bourne uma espécie de super-herói humanizado, pois ele também se machuca, sofre, sangra (e não é pouco) e tem suas crises existenciais, ou seja, é um personagem completamente humano. O que o diferencia das outras pessoas é que ele foi alvo de um programa que transformava seres humanos normais em 'máquinas'. Desta maneira, suas habilidades com lutas e armas são bastante aguçadas, além de possuir uma inteligência fora do comum, o que sem dúvida é essêncial para mantê-lo vivo.
No capítulo final da trilogia, Bourne está mais uma vez atrás de pistas que revelam quem ele é. A história começa com um jornalista britânico, que publica uma reportagem no jornal apresentando alguns detalhes de uma operação chamada de 'Blackbiar'. A publicação no periódico chama a atenção dos agentes da inteligência norte-americana, que vêem o jornalista como uma ameaça, e também de Jason Bourne, que vê no rapaz uma maneira de descobrir novas informações referentes ao seu passado.
Diferentemente dos outros dois capítulos, desta vez, parece que o personagem sofre menos do que antes. Os conflitos consigo continuam mais vivos do que nunca, só que quando o assunto é ação, ele passa pelas mesmas situações de risco (até piores), e sai apenas com algumas escoriações, coisa que não ocorria antes; ele se arrebentava inteiro. É claro que isso não tira a realidade do filme, muito pelo contrário, Damon consegue fazer de Jason Bourne um personagem altamente real e carismático. Sem dúvida há algumas cenas forçadas, algo que parece inevitável no cinema Hollywoodiano, todavia, O Ultimato Bourne se sai melhor que os outros nesse quesito.
É um ótimo filme, tão bom ou melhor que os anteriores. A atuação de Matt Damon continua brilhante, o que prova que ele é um dos melhores atores da nova geração de Hollywood. Trocado em miúdos, a trilogia Bourne aparentemente se encerra com chave de ouro. Ponto para Paul Greengrass, diretor do filme.
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Minha Nota: 8.0

domingo, 6 de julho de 2008

Estômago (Estômago, 2007)

Por Alessandra Marcondes
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Quando falamos de filme nacional, o que vem primeiro à sua cabeça? Tramas violentas demais vendo um só lado da história, como os opostos "Tropa de Elite" e "Carandiru", ou personagens marcadas pela pobreza vistas em "Central do Brasil" e "Auto da Compadecida"? Pois bem, abandone seus preconceitos e vá ver "Estômago". O primeiro longa de Marcos Jorge é comédia e drama ao mesmo tempo; inteligente, mas escrachado, faz pensar em questões importantes da natureza humana sem se preocupar em vender a imagem de cult.
Raimundo Nonato (João Miguel) vem do nordeste tentar a vida na cidade grande e assume o papel de anti-herói rapidinho, quando o espectador se vê torcendo pela sucesso da figura feia e atrapalhada na telona. Para a surpresa geral, ainda no início do filme, sabe-se que o bicho grilo foi parar na prisão, e ambas as fases da personagem vão se desenvolvendo paralelamente, método que instiga a curiosidade de quem assiste: qual crime Nonato teria (ou não) cometido?
A obra se destaca pelo seu conjunto de detalhes. Como Nonato segue a carreira de cozinheiro, dicas curiosas de cozinha são salpicadas feito tempero na história, interessando leigos e donas de casa. Sacadas do diretor, que vão muito além dos diálogos engraçadíssimos na expressão de João Miguel, permitem ao espectador mais atento uma comparação do processo digestivo corporal com as relações de poder entre os homens (reparem bem na diferença entre a primeira cena e a última do filme).
O abismo cultural que nos diferencia coloca Nonato em vários apuros, e me pus a questionar meus próprios hábitos quando vi que, em um banquete de cadeia, cachaça é melhor do que vinho, pois este tem cheiro de cachorro molhado, e carne crua chamada 'carrapato' (Carpaccio) com certeza dá doença. Cenas grotescas mexem com o estômago de quem não está acostumado a comer arroz cheio de larvas, mas a história de amor entre Nonato e a prostituta Íria (Fabíola Nascimento), junto com a música delicada que embala as cenas de refeições, dá suavidade a um filme forte e carnal.
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Tem gente que diz que faz mal porque é fritura, né...
Os médico diz que entope as veia...
Mas esses médico são encanador, agora?

terça-feira, 1 de julho de 2008

O Sonho de Cassandra (Cassandra's Dream, 2007)

Por Bruno Pongas
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Para quem apenas ouviu falar, o nome pode não parecer lá dos mais sugestivos. Entretanto, ao ler a sinopse ou dar uma pequena olhada nos atores e no diretor do filme, a história muda bastante. Dirigido pelo competente Woody Allen (Match Point) e estrelado pela dupla Ewan McGregor (A Ilha) e Colin Farrel (Miami Vice), 'O Sonho de Cassandra' é mais um dos bons filmes da filmografia de Allen.
Feito em uma moldura bastante parecida com a do aclamado Match Point, a trama aborda alguns temas bastante peculiares do ser humano: ganância e vaidade.
Mesmo vivendo com problemas financeiros constantes, a dupla de irmãos (Ewan e Farrel) decide realizar um grande sonho: comprar um pequeno barco. O nome do embarcação não poderia ser outra se não 'O Sonho de Cassandra'.
A idéia de comprar algo mesmo sem ter plenas condições se torna em partes a tônica do filme, já que os rapazes davam sempre o passo maior do que a perna.
Terry (Farrel) trabalha em uma oficina, é viciado em jogo e tem o sonho de ter sua própria loja de esportes. Já Ian, tido como uma eterna promessa da família, trabalha junto com o pai (John Benfield) em um restaurante.
Ambos são bastante ambiciosos; Terry aposta seu limite em corridas de cavalos e na loteria. Sua ruína começa a partir do momento que ele se envolve com apostas em jogos de pôquer, que requerem muito mais dinheiro. Em uma jogada de muito azar, o garoto perde uma aposta alta e se atola em dívidas com agiotas. Ao mesmo tempo, Ian é um rapaz sonhador que gostaria de viver como o seu Tio Howard (Tom Wilkinson), tido como um grande ícone da família: empresário famoso e bem sucedido. Sua ruína começa ao conhecer a bela Angela (Hayley Atwell). Para impressioná-la, Ian precisa de dinheiro, só que como não tem, é necessário recorrer a alguns empréstimos.
A trama pega fogo quando o Tio Howard (tão citado por todo o filme como um exemplo de homem) aparece na história. De imediato, a dupla vai conversar com o Tio. Terry pede dinheiro para sanar suas dívidas e Ian para continuar bancando sua amada. Só que a grande surpresa começa ao se notar que as coisas também não andam nada bem para os lados de Howard. O Tio rico e caridoso sempre ajudou a família em todos os sentidos, sempre deu tudo que os irmãos precisavam. Só que desta vez, ele até poderia ajudar, mas também precisaria de ajuda.
Surge então uma grande rede de intrigas que leva a trama à um final surpreendente, assim como o que acontece em Match Point. 'O Sonho de Cassandra' é mais um bom filme de Woody Allen. Com toda a certeza, vale a pena assistir.
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Minha Nota: 8.0

"Família é família
Sangue é sangue"

segunda-feira, 30 de junho de 2008

A Lenda de Beowulf (Beowulf, 2007)

Por Bruno Pongas
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Me assustei logo de cara quando fui assistir 'A Lenda de Beowulf'. Estava lá, sentado num banco junto com minha namorada. Ao nosso lado, uma simpática senhora. Quando ela percebeu que conversávamos sobre filme/faculdade, se intrometeu gentilmente no assunto. Nos perguntou que filme assistiríamos e achou legal o fato de sermos 'Jornalistas' porque, afinal, ela também era uma das nossas. Começou a conversar conosco, disse que era uma crítica de cinema e que já havia visto milhões de filmes... blá, blá, blá. Onde eu quero chegar? Enrolei tudo isso para dizer que ela falou muito mal do filme em questão, ao ponto de quase fazer eu me arrepender por ter comprado o ingresso.
Ainda bem que não segui os conselhos da velhinha, pois de ruim, 'A Lenda de Beowulf' não tem nada! O filme é baseado no poema épico anglo-saxônico 'Beowulf', e toda a fantasia, dirigida por Robert Zemeckis (Forrest Gump e O Náufrago), rende um bom entretenimento.
Zemeckis, conhecido por inovar em seus filmes (Uma Cilada Para Roger Rabbit e O Expresso Polar), usa em Beowulf uma técnica interessante chamada 'Performance Capture', que consiste em capturar a ação dos atores nos míminos detalhes para depois transpô-los em animação. É inegável que a inovação deixa o filme interessante e curioso mas, tenho certeza que o produto final seria ainda melhor se a tal técnica não fosse empregada - afinal, quem não prefere ver uma Angelina Jolie real à uma Jolie 'computadorizada'?
Repleto de imagens bonitas, 'A Lenda de Beowulf' é um filme que convence. Passa longe de ser excelente, todavia, é diversão garantida para quem gosta, e até pra quem não gosta do gênero. Li outra crítica por aí dizendo que Beowulf (Ray Winstone) não era um 'herói' carismático, e não se identificava nem um pouco com o público ao ponto de fazer o espectador torcer ou ficar nervoso com o seu destino. Particularmente, eu discordo completamente. Além de achar que Winstone teve uma bela atuação como Beowulf, me identifiquei sim com a personagem vivida por ele. Tudo bem, ele é rústico, troglodita e mal educado, mas no final das contas até que acaba sendo simpático.
Só para situar um pouco o leitor, Grendel é um demônio que aterroriza a pequena cidade reinada por Hrothgar (Anthony Hopkins). Com isso, o rei estipula uma recompensa para quem o matar: é aí que surge Beowulf e sua trupe. Eles conseguem matar o demônio mas, enfurecida, a mãe de Grendel (Angelina Jolie) surge para tentar vingança. A trama ainda conta com algumas revelações surpreendentes, que me fazem duvidar se o filme que a senhora crítica viu foi o mesmo que eu vi e adorei.
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Minha Nota: 7.8

Onde os Fracos Não Tem Vez (No Country for Old Men, 2007)

Por Bruno Pongas
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O que você faria se encontrasse uma maleta cheia de dinheiro no meio do deserto? É aí que começa uma caçada intensa pelo meio-oeste americano, tônica de Onde os Fracos Não Tem Vez (No Country For Old Men).
A trama, dirigida pelos irmãos Ethan e Joel Coen, não chega a ser uma obra prima do cinema mas, sem dúvida nenhuma, é um grande filme.
Com um enredo muito bem trabalhado, a história começa com uma pequena narrativa feita por Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones), xerife local, contando um pouco sobre como era a vida no passado. Com foco na violência, Bell diz que, antigamente, um policial sequer precisava andar armado. Mas o filme mostra um olhar um tanto quanto apocalíptico a respeito da violência, pois o xerife se torna uma pessoa desiludida com as mudanças mostradas pelo desenrolar da trama.
Após a pequena introdução, são apresentados os dois personagens principais. O 'mocinho' é o caçador Llewelyn Moss (Josh Brolin) e o vilão, personagem muito bem trabalhado por sinal, é Anton Chigurh (Javier Barden). É inevitável dizer que os dois irão se cruzar em algum momento da história, só que isso ainda demora um pouco para acontecer. Moss, como caçador de ofício, segue sua rotina até que, em um belo dia, encontra carros e muitas pessoas mortas em meio ao deserto. Ao se aproximar, se depara com uma grande quantidade de drogas em um dos carros (provavelmente as mortes foram fruto de uma negociação que falhou). Mais adiante, ele encontra outro homem morto, esse com uma maleta cheia de dinheiro. O caçador, pouco bobo, não pensa duas vezes e leva a grana para casa, mesmo tendo a consciência de que viriam atrás dele. Ao mesmo tempo, o psicótico Chigurh, que assusta apenas pelo olhar e pela cara de maluco, é enviado para recuperar o dinheiro. É incrível como Barden foi transformado num personagem altamente assustador - com certeza ficará marcado com um dos maiores vilões da história da telona.
Repleto de mortes, sangue e com diálogos excelentemente trabalhados (como exemplo, a cena onde Chigurh faz seu joguinho de cara ou coroa), Onde os Fracos Não Têm Vez é uma grande trama, com certeza merecedora do Oscar de melhor filme. A película fica marcada por ótimas atuações; do caçador, interpretado por Josh Brolin, e principalmente pela do psicopata interpretado por Javier Barden. O filme também chama a atenção por nos trazer uma visão pessimista a respeito da violência e dos tempos que vivemos hoje em dia.
Premiações: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Javier Barden), Melhor Roteiro Adaptado. Indicado ainda à Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Som e Melhor Edição de Som. Ganhou também dois Globos de Ouro nas categorias Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro.
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Minha Nota: 8.5

domingo, 29 de junho de 2008

Sex and the City (Sex and the City, 2008)

Por Alessandra Marcondes

Antes de mais nada, um aviso: os trechos a seguir foram escritos por uma fã ensandecida da série (que ficou, aliás, ligeiramente nervosa com a quantidade de críticas negativas que leu por aí).

O título 'Sex and the City' em rosa piscante sugere que o espectador vá encontrar algo parecido com um pornô feminino, de mulheres vivendo aventuras sórdidas e picantes. O que os leigos não sabem é que a protagonista Carrie (Sarah Jessica Parker) desmente esse rótulo ao longo de 6 temporadas quando diz que sua coluna de jornal trata sobre AMOR, e sexo é apenas um (importante) complemento. Por mais que o longa dedique seus primeiros minutos a ambientar os não-fãs - que foram parar na sessão porque o ingresso para Homem de Ferro estava esgotado, ou porque a namorada obrigou -, é impossível entender o que o filme pretende sem acompanhar o seriado. Aqui fica então a minha dica: se não conhece, não assista, e páre de falar mal por aí se não sabe nem do que está falando! {Quem disse que jornalismo é imparcial?!}.
O filme se consagrou como uma continuação feliz, pois o final da série deixa o espectador querendo muuuito mais: a história de Carrie e Big (Chris Noth) finalmente dá certo, mesmo, jura? Qual é a cara da criança chinesa que Charlotte (Kristin Davis) adota? Miranda (Cynthia Nixon) e Samantha (Kim Cattrall) deixaram de lado sua imagem de mulheres independentes para ceder aos relacionamentos estáveis? É fato que o ritmo do longa é bastante diferente das primeiras temporadas vistas na TV, mas ninguém gostaria de assistir, por dez anos, a história de mulheres imutáveis que terminam a saga do mesmo jeito que começaram.
Assim como na vida real, na casa dos 40/50 as personagens diminuem o ritmo das relações sem compromisso para finalmente encontrarem o amor. Tá, ficou conto de fadas demais para o meu gosto. Os obstáculos dramáticos, que estão bem próximos da vida da maioria das mulheres reais (que se indentificam com a série exatamente por seu caráter verdade-nua-e-crua) não deixam que o filme tenha um final feliz tão facilmente.
De qualquer forma, tudo é uma delícia: me senti encontrando velhas amigas das quais não tinha notícias faz tempo. A trilha sonora está aprovada por completo, especialmente as variantes para a famosa música de abertura dos episódios. O figurino, mesmo criticado pela estilista mal-agradecida Vivienne Westwood (foi a mais homenageada na trama), salta aos olhos de qualquer mocinha com uma queda para a moda. Como se não bastasse, Jennifer Hudson (vencedora do Oscar por Dreamgirls) incrementa o elenco, interpretando Louise, assistente de Carrie.
Permanece a sensibilidade tão bem elaborada, o humor cínico, a força feminina... e a impressão de estar assistindo de uma só vez uma temporada inteira e totalmente nova (o filme tem quase duas horas e meia de duração).
Para quem nos acha um bando de mulherzinhas fúteis, aaaah, meu bem: você não sabe como é difícil ser mulher, muito menos o prazer que sentimos na combinação roupas-amigas-namorado, sem ter vergonha de ser feliz.
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Dizem que nada dura pra sempre
Sonhos mudam, tendências vêm e vão...
Mas as amizades nunca saem de moda.

Wall-E (WALL·E, 2008)

Por Bruno Pongas
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A Pixar, vencedora de três Oscars de melhor animação (Procurando Nemo 2004, Os Incríveis 2005 e Ratatouille 2007), estreou na última sexta-feira a sua mais nova aventura. Trata-se do divertido e inteligente Wall-E, dirigido por Andrew Stanton.
Como não assisti nenhuma das animações anteriores, fica difícil dizer se o novo filme da Pixar é melhor ou não do que elas. Entretanto, pelo que vi hoje no cinema, posso dizer com todas as letras que é um excelente filme e uma ótima diversão. Um produto muito inteligente, dirigido tanto para o público infantil quanto para os adultos, já que aborda um tema interessante, que vai além de um desenhinho bonitinho e fofo. Por trás da superprodução há algo a ser passado.
A história passa-se em uma era distante, mais especificamente no ano de 2700. Lá, o mundo foi soterrado pelo lixo produzido pela humanidade. Sem alternativas para o caos, a única solução foi promover um cruzeiro intergalático de luxo em uma estação espacial. Enquanto os humanos passavam suas 'férias' no cruzeiro sendo otimamente cuidados por robôs-faz-tudo, uma tropa de outros robôs, chamados de Wall-E (Waste Allocation Load Lifters - Earth Class, Levantadores de Cargas Desnecessárias da Terra, em português), são encarregados de dar um trato no planeta. Todavia, os simpáticos robôzinhos não conseguem dar conta da tarefa, e aos poucos vão pifando. O único que sobra, cria paulatinamente sua própria personalidade e começa a viver sozinho pelo mundo tentando em vão dar um jeito nele. Só que, o rumo da história muda quando Wall-E conhece Eve, uma robô mais evoluida que é lançada no planeta de tempos em tempos a procura de indícios de que se possa voltar a ter vida na Terra. O resto eu não vou contar para não estragar o prazer de quem pretende ver. A única coisa que eu asseguro é que vale muito a pena sentar numa sala de cinema, mesmo sendo num Sábado à noite, para prestigiar a animação.
A parte ruim fica por conta de que somente em alguns (poucos) cinemas a cópia exibida é a legendada. Não que a dublagem seja ruim ou estrague o filme, até porque a animação tem cerca de apenas 15 minutos de diálogo, mas convenhamos que assistir o título original é bem mais legal.
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Minha Nota: 9.0

terça-feira, 24 de junho de 2008

Eu Sou a Lenda (I Am Legend, 2007)

Por Roberto Camargo

Will Smith é o maior astro do mundo. Acompanho seu trabalho desde a série The Fresh Prince of Bel-Air, Um Maluco no Pedaço aqui no Brasil. Crescer junto com sua meteórica carreira foi um privilégio, uma vez que pude acompanhar grandes sucessos, como Independence Day, a série Bad Boys e Inimigo do Estado. Apesar de enfileirar ótimos títulos, Eu sou a Lenda não está na lista das melhores películas do ator.
O enredo nos traz uma Nova York modificada, uma selva de asfalto, prédios e plantas. Esse retrato passa-se três anos após a descoberta da cura do câncer. A suposta cura acabou virando uma epidemia que matou a grande maioria da humanidade. Os poucos que sobreviveram sofreram algum tipo de mutação que faz com que tenham aversão ao sol, sintam gosto pela carne humana e ganhem mais força e agilidade. Ou seja, para nossa civilização ocidental, transformaram-se em vampiros (embora tenham aparência de zumbis).
Robert Neville (Will Smith) é imune a esse vírus e incorpora o papel do último homem na face da terra. No meio da história podemos ver flashes sobre sua vida logo antes do surto. Instantes antes de isolarem a cidade. Pouco antes de se separar de sua família, para nunca mais vê-los.
A refilmagem do clássico dirigida por Francis Lawrence tropeça em sua proposta de mostrar a solidão do protagonista, transformando essa solidão em um marasmo para o espectador. Não posso tirar seus méritos por mostrar precisamente a loucura de um solitário ou a inércia de um mundo sem pessoas para interagirem, mas um filme inteiro no formato de monólogo não é o que se pode chamar de atraente. Exceção para a interpretação de Smith, que consegue, só em cena, arrancar risos ou causar drama a quem o está assistindo.
Destaque também para a “interpretação” da fiel escudeira de Neville, a cadela Sam. Uma curiosidade para nós brasileiros é a participação da atriz verde e amarela Alice Braga (Cidade de Deus, Cidade Baixa). O que ela faz ou deixa de fazer, quem é ou o que é, isso não me convém contar. Fica aqui o convite para você assistir.
Mas se quiser entretenimento bom de verdade, recomendo-lhes Hancock, que sairá agora em julho e conta também com todo o talento de Will, além do roteiro de super-herói mais original de todos os tempos.

sábado, 21 de junho de 2008

O Melhor Amigo da Noiva (Made of Honor, 2008)

Por Roberto Camargo
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O que você faria se um moleque fantasiado de Bill Clinton invadisse seu quarto, deitasse na sua cama e te chamasse de Monica? Você se tornaria o melhor amigo dele! Esse é o início da ótima comédia romântica O Melhor Amigo da Noiva.A história continua 10 anos depois do inusitado primeiro encontro descrito acima. Tom (Patrick Dempsey) é um desses solteirões convictos que criam até regras como não repetir a mesma mulher por duas noites seguidas. Hannah (Michelle Monaghan) é sua melhor amiga, moça linda, engraçada e companheira que leva a palavra relacionamento muito mais a sério que Tom.Os dois levam uma vida perfeita juntos. Saem sempre que têm algum tempo livre, dividem e adivinham a sobremesa um do outro e são confidentes. Talvez essa seja a concepção de vida perfeita para Tom, uma vez que tem cérebro com a amiga e peitos com as outras que coleciona por noite. Não é ideal para Hannah, que pensa em se casar por estar na beira dos 30.O quadro muda quando ela viaja por 6 semanas para a Escócia e ele fica órfão de sua melhor amiga. O protagonista começa a perceber o quanto foi cego durante os últimos 10 anos e descobre que está, ou melhor, é apaixonado pela moça. A comédia nasce aqui.Quando volta, a amiga traz na bagagem um exemplar da nobreza escocesa. E um anel de noivado. As notícias ruins não param de chegar, culminando na de que o casamento do recém-formado casal está marcado para poucas semanas. Mas ainda havia tempo para a pior notícia de todas. Tom ainda seria convidado para ser a “primeira madrinha” de Hannah... A partir daí, o plano do bonitão foi tentar convencê-la de que um foi feito para o outro como madrinha, já que não sairia do lado dela desempenhando essa função.Há boas piadas espalhadas pelo filme, como a humilhação masculina sofrida por Dempsey no vestiário pelo concorrente ou os esbarrões no garçom ou a prova de lingerie de Monaghan. Nota também para a direção de Paul Weiland e participação especial de Sydney Pollack, como o pai de Tom.O Melhor Amigo da Noiva desponta como uma das melhores comédias românticas do ano. Sua fórmula é manjada, mas o ritmo da narrativa faz com que você acabe torcendo pelo sucesso de Dempsey. Embora você saiba o final desde a primeira cena, vale a pena apostar nesse conto de fadas moderno, que nos mostra que o amor ainda existe e que pode estar bem ao seu lado.

P2 - Sem Saída (P2, 2007)

Por Bruno Pongas
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P2 - Sem Saída é mais um dos filmes que eu já assisti faz um bom tempo. Tinha ido ao cinema ver um outro filme que não me recordo muito bem agora, e passou o trailler do P2. Achei empolgante e assustador ao mesmo tempo; foi o suficiente para fazer eu voltar ao cinema na semana seguinte.
Só que, o filme dirigido por Frack Khalfoun é mais um daqueles filmes que tem um trailler empolgante, que faz você ir até o cinema para prestigiar a película, mas que seu produto final deixa um pouco a desejar.
A história gira em torno de Angela Bridges (Rachel Nichols), uma executiva ávida por promoção que resolve ficar até mais tarde trabalhando na véspera do natal. Como em todo filme de terror, algo dá muito errado para a personagem não conseguir voltar para casa. É ai que entra Thomas (Wes Bentley - Beleza Americana), segurança do estacionamento do prédio onde Angela trabalha. Como tudo dá sempre errado com a mocinha, ela se direciona à seu carro para voltar para casa, e para a surpresa (Ou não) de todos, seu carro decide não pegar no tranco. Thomas oferece ajuda e simpaticamente até convida a moça a passar a véspera de natal em sua humilde residência, que é no próprio estacionamento. A partir daí começa uma verdadeira caça pelo estacionamento no melhor estilo Tom & Jerry.
P2 não chega a ser um grande filme. Segue os moldes da maioria das películas de terror/suspense; aquela fórmula na qual o protagonista passa por poucas e boas durante quase toda a história e no final acaba se dando bem. É daqueles que acaba passando batido pela memória por não ser marcante em nenhum sentido. Não é digno de se lembrar por ser um péssimo filme, mas, também está a anos luz de ser algo bom.
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Minha Nota: 6.0

Sweeney Todd (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street, 2007)

Por Bruno Pongas
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Bom, na minha estréia aqui no blog, vou falar desse filme que já assisti faz algum tempo, mas por indisponibilidade de tempo só estou postando agora sobre ele. Vale lembrar que não entendo nada de filmes técnicamente falando, nesse ponto sou leigo no assunto, mas, como amante do cinema também gosto de dar meus pitacos a respeito dos filmes.
Muita gente pode virar a cara ao saber que o filme é baseado em um musical (De Stephen Sondhein e Hugh Wheeler), eu mesmo pensei duas vezes antes de comprar meu ingresso, já que não saberia o que estava por vir. Tenho que admitir que me surpreendi muito com o filme e que ele é bem melhor do que eu esperava, também, dirigido por Tim Burton, coisa ruim não poderia ser.
Benjamin Barker (Johnny Depp) é um cidadão pacato, que leva uma vida comum e feliz ao lado de sua esposa, Lucy (Laura Michelle Kelly) e sua filha Johanna (Jayne Wisener). Entretanto, o homem mais poderoso da cidade, o juiz Turpin (Alan Rickman), se interessa pela esposa de Barker e manda prende-lo e exila-lo da cidade. Após 15 anos, Barker volta à Londres com uma nova identidade, agora na pele do malvado e rancoroso Sweeney Todd. Já em Londres, ele descobre o terrível destino de sua esposa e de sua filha, e é ai que a trama toda se desenvolve. Todd volta a trabalhar como barbeiro na rua Fleet, na parte de cima da lojinha da Sra. Lovett (Helena Bonhan Carter), uma espécie de cozinheira que fazia as piores tortas da cidade. Enquanto Todd aguarda ansiosamente e com sede de vingança a ida de Turpin à sua barbearia, ele vai matando um a um seus clientes em um festival de sangue para todos os lados. Misteriosamente, a loja da Sra Lovett, que vendia tortas horríveis e nada saborosas, se torna um sucesso e toda a cidade passa a frequenta-la.
É um filme que mescla terror com algumas partes bastante engraçadas, recomendo para qualquer um, independente de gostos ou preconceitos contra musicais. Sweeney Todd concorreu a dois Oscars - Direção de arte, melhor ator e melhor figurino - venceu o de melhor direção de arte.
Curiosidade: A atriz Helena Bonhan Carter é noiva do diretor Tim Burton, e um dos filhos do casal (Billy), aparece em uma das cenas do filme.
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Minha Nota: 9.0

1408 (1408, 2007)

Por Roberto Camargo
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O conceito para filmes de terror se perdeu em algum lugar do tempo entre Drácula e um dos milhares de garotos que já reencarnaram o coisa ruim. O espectador que é fã desse gênero conta com poucas opções para apreciar um bom filme, ou tomar um grande susto. De um lado da balança temos ótimas películas, como O Exorcismo de Emily Rose e Sweeney Tood. Do outro, refilmagens saturadas de antigos longas ou de clássicos nipônicos.
1408 não me pareceu candidato a entrar na seleta lista dos melhores terrores do ano. O que me incentivou a assisti-lo foi um único nome: John Cusack. O ator consagrado é sinônimo de boas atuações e garante sempre um bom entretenimento. Além disso, o elenco conta com a presença de outro medalhão de Hollywood, Samuel L. Jackson, que participa num papel secundário.
O roteiro, em linhas gerais, mostra o trabalho do autor de livros sobrenaturais Mike Enslin (Cusack). Seus livros desmistificam lugares que são tidos como assombrados. Em uma de suas investidas rumo ao desconhecido, acaba recebendo um bilhete que dizia para não entrar no quarto 1408 do Dolphin Hotel, em Nova York. Ou seja, um convite tentador para visitar a terra do Central Park, do antigo World Trade Center e dos “Friends”.
Quando chegou ao hotel, foi levado ao gerente (Jackson) que tenta convencê-lo de todas as maneiras que não é uma boa idéia pernoitar naquele quarto. De nada adiantou a insistência, uma vez que o destemido escritor não mudaria de opinião, não perderia sua história.
A partir daí, o filme se passa inteiro dentro do quarto. Dentro da proposta que o diretor Mikael Hafström abraçou, o filme pode ganhar uma crítica positiva. Câmeras fechadas tornam a perspectiva claustrofóbica, o som da respiração do protagonista causa sensação de sufoco. Mas o produto como um todo não funciona. Segundo uma amiga minha, “1408 é um filme feito com o único intuito de nos assustar”.
Sem dúvida o é. Mas nem a mesmo a proposta de nos assustar funciona tão bem. A adaptação do romance do mestre do terror Stephen King não rende uma boa película. Assista se quiser um terror mais psicológico. Ou se já estiver cansado de torturas em quartos escuros e ligações que te matam em uma semana.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

O Gangstêr (American Gangster, 2007)

Por Guillermo Lagreca
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Caro Leitor.

Vou escrever no formato “carta”, pois eram assim que as boas notícias chegavam antigamente. E esta é uma ótima noticia que também trata de antigamente. Que filme! Comecemos pelos atores principais: Denzel Washington (Oscar por Dia de Treinamento) e Russel Crowe (Oscar por Gladiador). Não precisa mais nada, né? Só que ainda temos o grande Ridley Scott na direção. Agora dá uma olhada na história do filme.
Frank Lucas (Denzel) é o motorista do maior chefe do crime organizado da Nova York dos anos 70 que assume o controle depois que o patrão morre. Só que, ele é um visionário sanguinário que rapidamente domina todo o tráfico de drogas da região com ações dignas de um grande empresário/matador de aluguel.
Richie Roberts (Crowe) é um policial honesto até demais e estudante de direito “meia boca” que está disposto a descobrir todos os envolvidos no tráfico de drogas da cidade. Não preciso dizer que a história dos dois vai cruzar-se em algum momento, mas a forma como isso acontece é primorosa.
Repleto de ação e com uma trama espetacular, este filme faz cair o queixo. Há muito não saia algo tão bom assim. Pronto, não conto mais nada.
Vale lembrar que o DVD tem a opção de assistir a versão do cinema ou a uma versão estendida com mais 18 minutos de material e um final alternativo. Eu assisti as duas. E assistiria de novo!
Acho que vou ficando por aqui.

Um abraço, divirta-se!

P.S. Eu te amo (P.S. I Love You, 2007)

Por Alessandra Marcondes
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Se observado como comédia romântica, se destaca por fazer chorar... Já se for incluído na categoria 'drama', é diferente por fazer sorrir... "P.S. Eu te amo" mistura esses dois gêneros usando uma fórmula saudável que rende as mais diferentes sensações durante o filme. A parte triste é garantida pela história em si: uma doença coloca o ponto final na vida de um casal apaixonado antes do que se espera. Enquanto isso, a diversão fica por conta da personalidade única de Gerry (Gerard Butler) - que prepara uma urna para colocar suas cinzas recheada de doses de bebida para seus amigos -, e pela ironia de Denise (Lisa Kudrow) - nota: a atriz repete no filme trejeitos já bem conhecidos entre o público por sua atuação na série "Friends", interpretando Phoebe.
Quanto à Hilary Swank, cuja personagem, Holly, é a grande sofredora pela perda do marido, sou suspeita pra falar, pois sou sua fã de carteirinha. Mas é impossível não notar uma diferença gritante entre suas atuações em tramas fortes como "Meninos não choram", que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz, e o papel desempenhado em "P.S.", pois este último não explorou tudo o que ela tinha a oferecer.
O longa incomoda um pouco porque se dedica demais a passar a lição de 'aproveite a vida enquanto há tempo', já batida por tantos, mas tantos outros, que nem vale a pena citar exemplos. Porém, observando de forma um pouquinho mais atenta, dá pra perceber que a questão da morte no filme vai além da pura exploração sentimental, para entrar na análise do porquê é tão difícil se desfazer de coisas que remetem à pessoa falecida. Assim, ao invés do diretor Richard LaGravanese tentar a qualquer custo arrancar lágrimas das menininhas - não que isso não acabe acontecendo, que fique claro -, ele pretende mostrar ao espectador personagens secundários tão trabalhados psicologicamente quanto os principais.
Eu indicaria "P.S. Eu te amo" principalmente para os casais apaixonados... mas também é um bom programa para pessoas que pretendem ver um filme água-com-açúcar e se identificar com o cara divertido da turma que vive cantando por aí, a mulher neurótica que não sabe direito o que quer da vida, a mãe carrancuda que não gosta do genro, o barman que não faz idéia de como conquistar mulheres... e por aí vai.
Resumo da ópera: o problema de um filme que mistura drama com comédia é que ele acaba sendo nem um, nem outro. Pelo menos a fotografia e a trilha sonora são bárbaras.
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Nothing else to tell you, dear,
Except, each day feels like a year.
Every night I'm dreamin' of you.
P.S. I love you...

domingo, 1 de junho de 2008

Longe Dela (Away From Her, 2006)

Por Alessandra Marcondes
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Fazendo jus ao papel de participante feminina do blog, escrevo hoje sobre esse romance belíssimo de estréia de Sarah Polley ("Minha vida sem mim") na direção. Fiona (Julie Christie) e Grant (Gordon Pinsent) formam um casal maduro, que já passou por altos e baixos ao longo de vários anos, mas ainda é apaixonado. Assim, por cima, é só mais uma história de amor que resiste aos obstáculos da vida, satisfazendo o espírito de todos os espectadores que buscam finais felizes para seus próprios romances. Mas e se a pessoa amada é vítima de um mal como o Alzheimer, que não tira a vida, mas acaba com importantes lembranças referentes a ela?
O modo como essa doença pode afetar uma família inteira não está claro na mente de quem nunca a conheceu de perto. Porém, o filme dá uma noção desesperadora do que significa simplesmente esquecer em que gaveta ficam os talheres, qual suéter é o seu, ou qual foi a pessoa que presenciou seus momentos mais importantes nos últimos 40 anos.
Na trama, é justo Fiona que adoece. A mulher forte e decidida, que faz questão de se internar em uma clínica para não atrapalhar a vida de seu marido, enquanto ele pede que ela não vá - inverte-se o lugar comum em que o abandonado sempre é o doente. Grant, por sua vez, se mostra um homem mais interessante do que se imaginava: se contenta com o papel de amigo da esposa pelo fato de ela ter se esquecido quem ele é, e ainda observa respeitosamente o romance que ela passa a ter com um amigo de dentro da clínica.
Além da fotografia marcada por planos amplos e distantes que retratam a solidão das personagens, a trilha sonora delicada embala um filme que pode ser deseperadoramente triste sem perder a beleza que há em enxergar sempre o lado positivo da vida. A combinação do cenário gelado com a quantidade de luz que invade os corredores da clínica (quem assistiu, entenderá) combina com a personalidade de Fiona, que emana luz mesmo no meio da mais dolorosa situação. E Julie Christie, que foi muito bem escolhida para o papel (Sarah já havia trabalhado com ela antes, atuando em "A vida secreta das palavras") transmite toda essa mistura de sentimentos sem precisar pronunciar uma única palavra.
O filme é brilhante, e provoca uma melancolia boa depois que sobem os créditos. Para os menos sensíveis, vale a pena porque se destaca entre a multidão de romancezinhos feitos em cima de uma fórmula óbvia, existente no cenário atual. Já para aqueles que adoooram um dramalhão, confesso: chorei do começo ao fim.
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"Não seria legal se a gente casasse"?
- e o que você disse? -
"Eu aceitei. Nunca quis ficar longe dela."

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O Reino (Kingdom, The, 2007)

Por Guillermo Lagreca
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Ao me deparar com a capa deste filme na prateleira da locadora, com três militares fortemente armados, helicópteros e um prédio explodindo, confesso que meus olhos brilharam. Pra completar, os três militares são Jamie Foxx (dispensa apresentações, mas em todo caso, assista a Ray, que lhe garantiu o Oscar de melhor ator de 2004), Chris Cooper (vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante de 2002 por Adaptação) e a belíssima Jennifer Garner (Juno). Pronto, me apeteceu.
Começo a assistir com um pouco de receio. Parecia mais um daqueles filmes em que os americanos são bons, os árabes são maus e blá blá blá. Por sorte me enganei.
O filme conta a história de um grupo de agentes do FBI que desembarca na Arábia Saudita na tentativa de participar das investigações de um misterioso atentado que tirou a vida de outro agente. E logo no começo já mostra que não é uma história boba, com as manobras que a personagem de Jammie Foxx, o agente Ronald Fleury, precisa fazer para conseguir driblar o jogo político e conseguir por os pés no território saudita.
A partir daí, esse suspense transforma-se num belo filme de ação, capaz de deixar qualquer um torcendo na ponta da poltrona. Além disso, alguns ótimos diálogos ao longo da trama mostram que realmente não se trata da máxima citada acima, mas sim de uma história tensa e densa, com dois lados de uma mesma moeda.
Com muitos tiros, corpos por todos os lados e ainda uma interessante percepção das diferenças culturais existentes entre árabes e americanos, mostradas nas ações das personagens, temos um prato cheio para diversão em uma tarde chuvosa. E o final do filme é de deixar o espectador com o queixo caído, como aconteceu com este que vos fala.
Ah, estava quase esquecendo. A direção fica por conta de Peter Berg, que também é ator. E temos ainda Michael Mann como produtor.
Bom divertimento, caro leitor!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Três Vezes Amor (Definitely, Maybe, 2008)

Por Roberto Camargo
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Juro de pés juntos que a minha intenção inicial era ir ao cinema num feriado de 1º de maio unicamente para assistir ao blockbuster Homem de Ferro. Mas por pura falta de sensatez fui às cegas sem comprar antecipadamente minha entrada, sabendo que a sala estaria lotada por ser quase uma estréia num feriado chuvoso. Dito e feito, lá estava eu na frente do guichê entre os dois filmes que ainda não tinham se esgotado as entradas: um romance e algo com o Colin Farrel.
Bem, admito que sinto uma pequena atração por comédias românticas, talvez por representarem exatamente aquilo que não acontece na vida real. Por terem, quase sempre, um final feliz. Utopias desenfreadas à parte, minha escolha foi Três vezes amor, com direção e roteiro de Adam Brooks, roteirista do segundo Bridget Jones.
A história começa com o enunciado que cerca de 50% dos casamentos americanos terminam em divórcio. Will Hayes (Ryan Reynolds, ator canadense que você deve se lembrar da refilmagem de Horror em Amityville) está dentro dessa porcentagem. O jovem se encontra em processo de divórcio e tem uma filha, Maya (Abigail Breslin, a talentosa menina indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por Pequena Miss Sunshine), de aproximadamente 10 anos.
Após uma aula de educação sexual, a menina começa a questionar o pai sobre sua história de amor com a mãe, além de gritar por onde passa a palavra pênis... Ademais, o protagonista resolve contar a história, mudando os nomes de todas as mulheres que apareceriam no conto. No caso, as três principais mulheres que passaram por sua vida. O desafio foi lançado à menina: descobrir qual dessas seria sua mãe. E o roteiro foi desenhado.
Não é um primor de criatividade. Mas os pequenos elementos fazem dessa película uma boa pedida, principalmente para os jovens casais que ainda vivem uma relação baseada em saliva e açúcar. Abigail tem certa química com Reynolds. Aliás, esse papel parece ter sido feito para o ator, que já passou da casa dos 30. Destaque também para o trio de moças que disputam o coração do herói.
Elizabeth Banks (fez Um Virgem de 40 anos, é a mulher da cena antológica do xaveco repetido) interpreta Emily, amor de faculdade de Will. Isla Fisher (a irmã louca de Rachel McAdams em Penetras Bons de Bico) faz April, uma jovem que trabalha numa copiadora na campanha do presidente Clinton. A mais consagrada das três, e que dispensa apresentações, é Rachel Weisz que encarna Summer, jornalista amiga de Emily.
O enredo tem suas reviravoltas, mas o clímax, que seria a descoberta de quem seria a mãe, perde em intensidade para o desfecho. Muitos dos espectadores podem sair chateados da poltrona do cinema. Talvez seja filme para ser alugado em casa. Ou não. Basta que você vá preparado para assistir a Três vezes amor, não Homem de Ferro.