segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O último rei da Escócia (Last King of Scotland, The, 2006)

Por Bruno Pongas
.
Antes de tudo, prefiro fazer uma breve introdução sobre quem foi Idi Amin, personagem principal do filme, vivido brilhantemente pelo vencedor do Oscar, Forest Whitaker. Amin, ex-chefe do exército ugandense, tomou o poder em Uganda através de um golpe de estado, que derrubou o então presidente Milton Obote. O discursso carismático e convincente, que é inclusive retratado no filme, serviu apenas de fachada para o início de uma ditadura repressiva e perseguidora. Ao longo de oito anos no poder, Amin afundou o país em uma das piores crises de sua história, e como se não bastasse, matou cerca de 300 mil pessoas, a maioria delas ex-seguidores de Obote.
A história gira em torno de Nicholas Garrigan, médico escocês recém-formado que pretende exercer sua profissão. Após escolher seu destino, Garrigan vai para Uganda e se instala em um vilarejo próximo à capital Kampala. Sua missão é cuidar da população local, que conta com o auxílio de apenas um médico e com condições de trabalho precárias. As histórias do jovem médico e do cruel ditador se cruzam a partir do momento em que Amin sofre um pequeno acidente e Garrigan é recrutado para ajudá-lo. Encantado com os métodos do garoto (muito bem interpretado por James McAvoy, diga-se de passagem), Amin decide então convidá-lo para ser seu médico particular.
Um dado muito interessante, é que o filme passa longe de ser aquele típico clichê, que mostra o vilão como um ser abominável durante todo o tempo. Aliás, é difícil ver algo que retrate o continente africano sem apelar para a miséria excessiva ou para o duelo entre os bonzinhos contra os malvados. Um grande exemplo desse tipo de história aparece em 'Diamante de Sangue', que apesar de conter essa 'falha', considero-o um ótimo filme. Voltando ao assunto, é nesse ponto que considero 'O último rei da escócia' diferenciado; Idi Amin, apesar de repressor e cruel, tem seu lado humano, que também é retratado na trama. Em certos momentos ele é uma pessoa engraçada, cordial e verdadeira.
Outro ponto que considero extremamente feliz, é o fato de se contar uma história diferente; de pessoas que também foram repugnantes na história da humanidade, mas que infelizmente são pouco conhecidas mundo afora. Se torna um pouco cansativo ver retratados sempre os mesmos indivíduos, como é o caso do ditador nazista Adolf Hitler. Nada contra ele, nem contra ninguém, só acho que seria mais interessante saber da história e da origem de pessoas diferentes e até certo ponto desconhecidas.
O diretor (Kevin Macdonald) acerta em diversos pontos; foi capaz de fazer um filme interessante e até certo ponto diferente; retratou com primor os anos de caos que Uganda viveu durante o período Amin. Após ler e conhecer um pouco mais sobre a história do ditador, acho que Macdonald falhou em apenas um ponto; ele podia ter mostrado o encontro entre o chefão ugandense e o Papa João Paulo I, que ocorreu no ano de 1975. Mas, como nada é perfeito, 'O último rei da Escócia' fica marcado por grandes atuações de seus atores principais e por ser um excelente filme.
.
Minha Nota: 8.5