segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Mudança

O Movie For Dummies está de mudança, agora ele é wordpress.

Para os leitores, confira o blog agora em: www.moviefordummies.wordpress.com

Obrigado!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Marley e Eu (Marley & Me, 2008)

Por Bruno Pongas

Há muitos filmes no mercado que abordam o tema 'cachorro'; a maioria deles, infelizmente, não têm grande qualidade. Em pauta estão sempre os mesmos temas: lealdade, amizade, companheirismo - de fato, deve ser difícil fugir disso quando se trata dos nossos queridos animaizinhos de estimação.
"Marley e Eu" era um filme muito esperado; o livro homônimo de John Grogan foi sucesso no mundo todo, o que gerou muitas expectativas em torno da versão cinematográfica. Quem esperou ansiosamente para assistir Marley aprontando das suas nas telonas não se decepcionou; o mesmo vale para os que cairam de pára-quedas na sessão apenas porque adoram cachorros - caso desse que vos fala. O filme é ótimo, bonito e emocionante.
Encabeçando a trama temos o comediante Owen Wilson e a bela Jennifer Aniston. O desempenho de ambos é bom, embora seja apenas comum. Wilson, no papel de John Grogan, parece o mesmo de todos os seus outros filmes; é bem verdade que isso poderia ser um empecilho, mas achei que o jeito divertido de Wilson caiu muitíssimo bem no papel. Elogio que também cabe para Jennifer Aniston, que atua muito bem fazendo uma pessoa que é totalmente diferente da Rachel - personagem que projetou a atriz no seriado televisivo "Friends".
Com muita simplicidade, o diretor David Frankel (O Diabo Veste Prada, 2006) consegue produzir um ótimo filme. Tanto a história quanto o roteiro são simples e aparentemente fáceis de executar - talvez isso ajude bastante no sucesso da trama. Um ponto positivo, ao meu ver, foi o fato de Frankel não usar de formas apelativas para chamar atenção do público. Tudo acontece de forma natural e cativante, o que torna "Marley e Eu" absolutamente real e ainda mais divertido.
Quem nunca teve um animal de estimação? Seja ele cachorro, gato, peixe; é impossível não se emocionar e se encantar. Tudo bem que por muitas vezes eles se tornam verdadeiros diabos, atrapalham quando não devem, comem nossas meias, destróem os jardins e tudo o que tiver na frente - mesmo quando ainda possuem uma infinidade de brinquedos e ossinhos à disposição. Mesmo assim nós os amamos, e isso David Frankel consegue retratar com perfeição, o que torna "Marley e Eu" um grande filme e uma agradável surpresa. Altamente recomendável.
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Minha Nota: 8.5

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O Corajoso Ratinho Despereaux (Tale of Despereaux, The, 2008)

Por Bruno Pongas

Ultimamente a indústria do cinema tem se inclinado cada vez mais para o ramo da animação. Uma das maiores produtoras desse gênero, a norte-americana Pixar, tem nos apresentado a cada ano uma agradável surpresa. Foi assim com "Vida de Inseto" (1998), "Os Incríveis" (2004), "Ratatouille" (2007) e mais recentemente "Wall-E" (2008) - para mim a obra-prima da produtora.
É consenso que muitos desses filmes abordam um tema que geralmente sensibiliza o espectador - os animais. Poderia citar uma infinidade de animações que tratam e humanizam os queridos bichanos. Uma das principais - talvez a melhor de todos os tempos - é o aclamado "Rei Leão" (1994). Os donos do reino animal fizeram e fazem grande sucesso até hoje, desde crianças até adultos - prova de que o gênero apenas cresceu com o passar dos anos.
"O Corajoso Ratinho Despereaux" chegou aos cinemas brasileiros com certa expectativa. A sinopse interessantíssima deve ter levado muitas pessoas ao cinema na promessa de mais uma grande obra. Outro aspecto atrativo é o elenco estelar; no papel principal está Matthew Broderick, nada mais nada menos do que o dublador do carismático Simba. Junto a ele temos o premiado Dustin Hoffman - duas vezes vencedor do Oscar de melhor ator -, Emma Watson - a Hermione de Harry Potter -, além de Richard Jenkins, Sigourney Weaver, Kevin Kline, entre outros.
Com tantos prós aparentes, comecei a assistir a trama com bastante entusiasmo. No entanto, minhas perspectivas positivas foram por água abaixo logo nos primeiros minutos do longa. Só para situar o leitor, a história se passa em uma espécie de reino mágico que vive em absoluta felicidade. Contudo, após um acontecimento acidental provocado pelo ratinho Roscuro, o reino se vê mergulhado em uma tristeza profunda e os ratinhos, que outrora conviviam pacificamente com os seres humanos, se veem obrigados a ficar escondidos para sempre.
É nesse contexto que nasce Despereaux Tilling, um corajoso rato que fará tudo mudar de figura - nada mais clichê. Talvez eu esteja desacostumado com o alto nível do gênero nos últimos anos, quem sabe tenha sido por isso que achei a trama fraca e sem graça nenhuma. De fato, pelo que vi, o público alvo do desenho é mesmo o infantil - que com toda a certeza é pouco exigente com a qualidade do produto final.
Existem também algumas semelhanças com "Ratatouille". É inevitável não pensar na animação da Pixar ao ver o início de "O Corajoso Ratinho Despereaux". A temática é bastante parecida; existe o cozinheiro que tem que fazer um prato delicioso como prova de competência e o ratinho encrenqueiro - que aqui, por mais que fique de fora dos preparativos do prato, faz lembrar e muito o Remy de "Ratatouille". Felizmente as semelhanças param por aí, pois ao julgar pelo começo, parecia mais uma cópia empobrecida da obra anterior. Ainda na parte das igualdades, existe uma paródia divertida ao filme "Gladiador" - possivelmente a melhor cena de todas.
"O Corajoso Ratinho Despereaux" nada acrescenta ao ascendente gênero da animação. O roteiro fraco assinado por Gary Ross ajuda a afundar ainda mais a trama dos diretores Sam Fell e Robert Stevenhagen. Um ponto positivo do longa, talvez o único, é a qualidade da animação em 3D - inegávelmente do mesmo nível dos seus concorrentes. Mesmo assim, o produto ainda é totalmente dispensável, seja ele para crianças ou adultos; com certeza um dos piores filmes que vi ultimamente.
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Minha Nota: 5.0

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button (Curious Case of Benjamin Button, The, 2008)

Por Bruno Pongas

David Fincher parece ser daquelas pessoas difíceis de lidar. Egocêntrico, teimoso e perfeccionista - o que pode ser considerado uma qualidade tratanto-se de um cineasta. Ao longo de sua carreira, Fincher nos apresentou obras de extrema qualidade.
Seu primeiro grande trabalho foi o excelente suspense "Seven - Os Sete Crimes Capitais" (1995); despontava aí um jovem e competente diretor. Com o passar dos anos, Fincher se aperfeiçoou, amadureceu e conseguiu lançar sua obra-prima, tida como uma das melhores da história do cinema. "Clube da Luta" fez pouco alarde no ano em que foi lançado (1999), passou longe das premiações e não teve uma bilheteria arrebatadora; no entanto, o reconhecimento veio alguns anos depois.
Mantendo a regularidade da carreira - que aliás é invejável - Fincher lançou em 2007 o competente "Zodíaco". Criticado por uns e adorado por outros - assim como seu diretor - "Zodíaco" foi considerado pela crítica mais um ótimo filme do cineasta. Mesmo suas obras mais descontraídas e "bobinhas" são interessantes - caso de "O Quarto do Pânico", que apesar de ideologicamente nulo, transmite certa tensão.
"O Curioso Caso de Benjamin Button" era um filme muito aguardado. Muita expectativa se criou por ser o novo trabalho de David Fincher e por contar com dois atores em excelente fase no elenco principal. Tanto Brad Pitt quanto Cate Blanchett tem emplacado grandes filmes em sequência, o que lhes credencia como dois dos principais ícones da Hollywood atual. Cartas na mesa, o longa tinha tudo para ser um grande sucesso - e realmente foi.
A principio, as quase três horas de filme podem assustar alguns; e de fato, um roteiro ruim dificilmente conseguiria mantêr o nível durante tanto tempo. Com tanta história pra contar, confesso que senti uma pequena quebra de ritmo pouco antes da trama atingir sua metade - absolutamente normal. No entanto, a tal quebra passa despercebida diante de tanta beleza e sensibilidade empregadas na obra.
"O Curioso Caso de Benjamin Button" é uma fábula de amor encantadora e muito bem contada; a história é daquelas que nos faz pensar sobre a vida e refletir diante de nossas conquistas, atitudes e capacidades. Nada é impossível aos olhos de quem ama e acredita - e por mais que isso soe piegas, é contado de uma maneira maravilhosa e emocionante.
O elenco, como já era de se esperar, tem desempenho de primeira. Contudo, nenhum dos superstars rouba a cena. Brad Pitt mantêm o nível de sempre, embora ao meu ver, ache que foi aquém de outros trabalhos - sendo assim, creio que ele caiu de pára-quedas na disputa da estatueta de melhor ator. Cate Blanchett também esbanja o talento e a beleza de sempre - pena que ela aparece somente na metade final da trama. Quem rouba a cena, no entanto, é a menos conhecida Taraji P. Henson. Na pele da hospitaleira Queenie, Henson simplesmente dá um show em cena, dá gosto de vê-la atuar e cada vez que ela aparece é como se fosse um colírio para os olhos do espectador - sem dúvidas foi merecidíssima sua escolha para disputar o Oscar de melhor atriz coadjuvante.
David Fincher surge com uma nova obra e mais uma vez ele brinda os cinéfilos com um excelente trabalho. Talvez um pouco superestimado mas ainda assim um dos melhores filmes que eu vi nos últimos tempos. É praticamente impossível ver o longa sem se emocionar; é praticamente impossível sair ileso em meio a essa fantástica história de amor e vida.
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Minha Nota: 9.0

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A Troca (Changeling, 2008) e os CriCríticos

Por Alessandra Marcondes

Sabe quando você lê uma crítica de um cricrítico malinha? Aquele ser humano que se pensa naturalmente superior a toda e qualquer obra já realizada na história do cinema? Não estou condenando o ato de falar mal de certo filme; o problema é se dedicar às alfinetadas em um esforço neurótico, passando pela música, pelos atores, pelos cenários, e pelo pobre diretor. Concordo que existem películas no mundo que deviam ser derretidas, para nunca mais atingirem vítimas desinformadas nas locadoras, pois certas vezes o cricrítico até tem razão: nada se salva em obras que, geralmente, contam com a presença de figuras como Lindsay Lohan e Paris Hilton. Porém, para criticar um cara como Clint Eastwood, já consagrado seja pelo romântico - e um pouco brega, fazer o quê - "Pontes de Madison" ou por "Sobre Meninos e Lobos", que dispensa comentários, o cricrítico ou tem pouca coisa pra fazer, ou tem fundamentos seríssimos, que ninguém contestaria.
Pois bem! O longa intitulado "A troca", se baseia na história real de Christine Collins - interpretada por Angelina Jolie - envolvendo o desaparecimento de seu filho, os métodos de opressão da polícia da década de 20 e uma chacina infantil aterrorizante executada no povoado de Wineville, nos Estados Unidos. Existe muita informação para reunir em um filme só, resultando em 140 minutos de projeção. Porém, ao contrário do que li em muitos lugares, a trama não descamba na última metade: Eastwood sabe como manter a curiosidade do espectador por descobrir se o menino Walter (Gattlin Griffith) foi assassinado ou não, sem entregar o ouro nem realizar um final óbvio.
Tudo bem, se é pra deixar o benefício da dúvida para cada um realizar mentalmente o final de sua preferência, talvez o filme pudesse sim terminar com antecedência. Porém, quando é gostoso de assistir, por que não permanecermos sentados um pouquinho mais em frente à grande tela? Conforme o tempo passa, percebo que a raça cult renega mais e mais os filmes chamados 'fáceis', seja por sua linearidade, por seus padrões predominantes, ou pela forte apelação emocional. Mas na verdade, não há mal nenhum em gostar - e pior, falar bem para todo mundo ouvir - de um filme bem amarrado como este, ainda mais quando a trilha sonora e a cenografia são um elemento a parte, quase que vivos dentro da tela. Também não é crime derretermos o coração de pedra por causa do problema real que é o desaparecimento de crianças; ele pode até parecer pequeno frente a doenças contemporâneas tão sérias, como a infelicidade consumista ou a imbecilização das massas, mas infelizmente existe, provocando traumas inexplicáveis na profundidade das famílias que perderam um parente sem ter o direito de saber se foi para a morte, para a prisão ou para qualquer outro fim.
Para não parecer uma entusiasta que defende cegamente o filme que gosta, a cena em que Christine é salva pelo Reverendo (interpretado por John Malkovich) - ou pelo gongo, para ser mais exata - segundos antes de passar pelo choque elétrico, é bem desajeitada, lembrando o suspense barato das telenovelas. Porém, o modo como Jolie encarnou a mãe solteira, que precisa ser racional para resolver o problema sozinha, mas ao mesmo tempo capaz de transmitir a dor imensa de uma mulher não acreditada e punida indevidamente faz jus à indicação ao Oscar de melhor atriz que recebera.
Por fim, deixo claro que esta não é uma tentativa de criticar a crítica renomada, visto que a grande maioria falou mal mesmo do filme. Só é um contraponto para que pensemos um pouco sobre as implicações da transposição de um enredo para a tela, pois não sendo ele fascista nem alienante, poderíamos deixar de lado nosso espírito de cricríticos para apreciarmos com menos resguardos não só a sétima arte, mas a beleza da vida em sua totalidade.

Eu sei que meu filho está por aí.
Eu ainda posso senti-lo.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Foi Apenas Um Sonho (Revolutionary Road, 2008)

Por Alessandra Marcondes
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Muitos dos filmes que existem por aí se dedicam a retratar dramas da vida real, em suas mais variadas vertentes. O palco para a choradeira pode ser um acidente, uma morte inesperada, ou um amor proibido de épocas distantes nas quais a tradição era algo respeitável. “Revolutionary Road” – o título original é bem melhor, diga-se de passagem – é daqueles que retratam um tipo diferente de tristeza: aquela que vem de dentro, sem aviso prévio e é inexplicável, pois foi imposta pelas nossas escolhas na vida. Ao assistir o trailler, conduzido por uma bela música e com a presença dos melhores diálogos do filme, fiquei instigada a assisti-lo, pois parecia se tratar de uma bela história de amor, emocionante e com problemas delicadamente elaborados. Porém, o longa coleciona diversas falhas, desde a apresentação das personagens até a definição de gênero. Logo no início do filme, fui surpreendida por uma discussão entre Frank (Leonardo Di Caprio) e April (Kate Winslet) sem nem fazer idéia do laço que eles tinham, e sem acreditar naquilo, pois os atores pareciam perdidamente neuróticos em uma discussão infundada e esquisita.
Conforme passa o tempo, percebemos que o promissor casal de Titanic encarna agora um par infeliz, frustrado pela mudança de ritmo de suas vidas: antes, dois jovens cheios de sonhos; hoje, dois adultos em uma grande e monótona casa no subúrbio norte-americano. O problema é que o filme oscila entre drama e comédia de cena a cena. Kate e DiCaprio interpretam a dor formidavelmente em certas horas, como quando o marido retorna ao lar depois de ter traído sua esposa, que o espera dedicada e amorosa com seus filhos em uma pequena festa surpresa pelo seu aniversário. Porém, quebrando o ritmo, ambos encarnam pessoas ingênuas, mimadas e inconstantes, que reclamam muito sem se esforçar para mudar de vida de uma maneira realista. Sem contar a aparição de John Givings (Michael Shannon), filho da vizinha, que retorna do hospício para uma visita à casa do 'casal perfeito', e faz o papel de uma espécie de gurú que enxerga a verdade em tudo, misturado com um lunático bizarro que torna cômicas as cenas com sua participação.
A idéia de discutir o quão essenciais são as formalidades que rodeiam nossa vida social, como possuir um emprego aceitável, constituir família e se dedicar a ela, cai como uma luva nestes tempos modernos, nos quais é preciso trabalhar muito em um emprego que nem sempre nos agrada, deixando pouquíssimo tempo para nos dedicarmos ao que nos faz feliz. Porém, se tratando de um problema tão real, o filme comete um pecado gravíssimo ao retratá-lo de tal maneira tragicômica, pois não lhe confere devida seriedade, e passa a mensagem de que todos nós, no fundo, reclamamos à toa pois acreditamos ser mais verde a grama do vizinho - ou mais bela a mulher do vizinho, no caso - sem nem refletirmos a respeito.
Para fazer justiça, admito que Sam Mendes continua sendo aquele bom diretor de “Beleza Americana” nos aspectos audiovisuais: a trilha que embala o filme é um de seus pontos altos, aliada a detalhes de iluminação que fazem um paralelo entre o abismo que assola a alma dos personagens, sempre em tomadas internas pálidas e escuras, e o mundo belíssimo e iluminado que existe além daquele belo jardim em frente à casa.
“Foi apenas um sonho” acaba sendo uma boa história, colocada em prática da maneira errada. Para provar que pequenos detalhes fariam toda a diferença, é só compará-lo ao genial “Pecados Íntimos”, também com Kate Winslet no papel principal: os personagens são tão problemáticos quanto, e sofrem por motivos não evidentes tendo um final meio frustrante e atordoado. Mas ao invés de escancarar a piada que se tornaram as regras invisíveis da humanidade, discute de maneira mais profunda o mal que elas podem causar para a personalidade de cada um, e envolve o espectador em tal sofrimento. Ao final de Revolutionary Road, por sua vez, é impossível evitar uma testa enrugada que duvida que a ficção projetada na telona tenha grandes semelhanças com a vida real.
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"Who made this rules, anyway?"

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

12 Homens e Uma Sentença (12 Angry Men, 1957)

Por Bruno Pongas

"12 Homens e Uma Sentença" é uma das grandes obras-primas da história do cinema. No ano em que foi lançado, 1957, o filme não fez tanto sucesso como esperado; o reconhecimeno à grande obra de Sidney Lumet veio apenas alguns anos mais tarde. Mesmo sendo um filme pouco visto - se comparado aos outros sucessos de bilheteria da época - a obra seria indicada a três Oscars: Melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro adaptado. Infelizmente a derrota veio nas três categorias; em todas para o também clássico "A Ponte do Rio Kwai".
Sidney Lumet construíu uma carreira brilhante dentro do cinema; "12 Homens e Uma Sentença" foi seu primeiro filme - Lumet estreava na academia com o pé direito. Ao longo da vida ele bateu na trave por mais três vezes; seus filmes indicados nessas oportunidades foram: "Um Dia de Cão" (1975), "Rede de Intrigas" (1976) e "O Veredito" (1982). Recentemente, o cineasta dirigiu mais duas tramas; "Sob Suspeita" (2006) e "Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto" (2007). Aos 84 anos, Lumet mostra que ainda é capaz de dirigir com a mesma competência do início de carreira - sorte dos cinéfilos de plantão.
O roteiro de "12 Homens e Uma Sentença" também foi escrito por um novato em Hollywood. Foi o primeiro e único filme que o roteirista Reginald Rose executou. E com brilhantismo, diga-se de passagem. O argumento é simples, muito simples; a trama se passa em uma sala durante todo o tempo, o que pode parecer chato e entediante - e o que poderia ser um problema para o roteiro de Rose.
Contudo, o que vemos é completamente diferente; a história, por mais simples que seja - um homem é acusado de matar o pai e o júri tem que decidir se ele é culpado ou inocente -, é muito bem trabalhada. Há um show de argumentação, os diálogos são excelentes e o diretor consegue mantêr o espectador vidrado na trama o tempo todo. Uma hora ele nos convence que o réu é culpado, outra hora, no entanto, temos certeza que ele é inocente. Esse jogo de culpado ou inocente perdura por grande parte do filme, até que uma hora há o desfecho; tudo é feito de forma brilhante, tudo se encaixa perfeitamente e é impossível não tomar partido de um dos lados.
O elenco tem atuação magistral; todos fazem um trabalho altamente competente - a começar por Henry Fonda. Fonda é um dos grandes ícones de sua geração, contudo, seu desempenho em "12 Homens e Uma Sentença" passou batido nas premiações - uma pena. Outros grandes atores, como Martin Balsam, Lee J.Cobb e Jack Warden ainda fazem parte e ajudam a dar colorido ao espetáculo. Recentemente, o cultuado cineasta russo Nikita Mikhalkov adaptou o clássico na trama "12". O filme foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro no ano passado, mas acabou sendo derrotado. O fato curioso é que "12" é bem mais longo que a obra original - 153 minutos contra apenas 96.
"12 Homens e Uma sentença" é simplesmente brilhante, tudo é pensado com minúcia, desde os entraves da história até a música - que se encaixa perfeitamente nos momentos certos. Tudo isso o torna uma obra-prima da história do cinema. É triste que uma trama como essas tenha levado poucos prêmios para casa, mas fica o registro de um dos melhores filmes da história do cinema americano e um dos melhores que eu já vi na minha vida.
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Minha Nota: 10.0

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Força Policial (Pride and Glory, 2008)

Por Bruno Pongas
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O gênero policial se tornou algo comum nos últimos tempos. A cada ano que passa, vemos mais e mais filmes desse tipo sendo despejados no mercado. Alguns - a minoria - têm alguma qualidade, no entanto, a maior parte é ruim, sem graça e pouco relevante - o que desgasta ainda mais o já saturado tema.
"Força Policial", trama que tem estréia marcada para o dia 6 de março aqui no Brasil, felizmente foge à regra. Contudo, gostaria primeiramente de fazer uma crítica ao título dado para o filme em português. "Força Policial" é um nome pouco convidativo ao espectador - soa mais como um bando de policiais que saem matando por aí a torto e a direito do que qualquer outra coisa. Diferentemente do título original: "Pride and Glory", "Orgulho e Glória" em português.
A trama do irlandês Gavin O'Connor, diretor semi-novato em Hollywood, é densa e profunda, pois trata de problemas que ultrapassam a barreira do conflito 'Policial X Bandido' - o foco principal da história é a família. É interessante como o julgamento de valores é diferente quando é a nossa família que está em questão - e isso é perfeitamente mostrado no filme, que também aborda temas como traição e a corrupção dentro da polícia.
O elenco é bom e tem desempenho acima da média; a começar por Edward Norton. É incrível como são bons ou ótimos a maioria dos filmes que ele faz. Norton, que completará 40 anos em 2009, já tem no currículo duas indicações para o Oscar; a de melhor ator por "A Outra História Americana" e a de melhor ator coadjuvante por "As Duas Faces De Um Crime" - sem dúvidas um dos grandes expoentes de sua geração. Outro bom e jovem ator é Colin Farrel, que evoluiu bastante ao longo de sua carreira; ambos estão excelentes nos papéis principais de "Força Policial". Para completar o time, temos o sempre competente Jon Voight e Noah Emmerich, que também faz um bom trabalho.
Apesar de só tecer elogios até aqui, a história de O'Connor também tem defeitos, como por exemplo, o roteiro. Há uma quebra de ritmo ao longo do filme, o que pode, para muitos, fazê-lo perder a graça. Essa quebra acontece especialmente do meio pro final, quando ao invés da trama evoluir para assim chegar no clímax final, ela simplesmente estagna. Contudo, o argumento ainda se salva pelos ótimos diálogos entre os personagens; ou seja, apesar dessa falha, o roteiro ainda tem seus pontos positivos.
"Força Policial" dá um ânimo extra no desgastado gênero, seja pela história interessante ou simplesmente pelo ótimo desempenho do elenco. Gavin O'Connor, que havia estreado em Hollywood com a comédia "Livre Para Amar", volta dez anos depois com um ótimo thriller policial; vale a pena conferir.
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Minha Nota: 8.0

domingo, 25 de janeiro de 2009

Rede de Mentiras (Body of Lies, 2008)

Por Bruno Pongas
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Ridley Scott construíu uma sólida carreira como cineasta. Apesar de nunca ter vencido um Oscar, ele é conhecido por bons filmes e alguns clássicos, como "Alien: O Oitavo Passageiro", "Blade Runner: O Caçador de Andróides" e mais recentemente o premiado "Gladiador".
Nos últimos anos, Scott iniciou um parceria de sucesso com Russel Crowe, parceria essa que lhe rendeu o Oscar de melhor ator por "Gladiador". Os dois ainda trabalharam juntos no competente "O Gângster" e no recente "Rede de Mentiras" - em 2009, Scott dirigirá Crowe mais uma vez no drama "Nottingham".
Confesso que assisti o mais novo filme de Ridley Scott com um pouco de ansiedade. Depois de assistir "O Gângster" - que é um bom filme apesar de alguns defeitos - fiquei esperançoso quanto à nova trama, que além de contar com o já falado Russel Crowe, também tem o ótimo Leonardo DiCaprio como personagem principal; prato cheio para o espectador.
Gostaria muito de dizer algo positivo, mas, infelizmente, os dois atores principais são o único ponto forte de "Rede de Mentiras". O filme já erra no seu enredo principal e na ideologia equivocada e tendenciosa. Mais uma vez o palco é a guerra norte-americana contra o terrorismo, assunto que virou muito comum em hollywood nos últimos anos. Os americanos, bonzinhos por natureza e o mundo árabe, escória da humanidade - é essa a impressão que temos na maioria desses fimes; "Rede de Mentiras" não foge à regra.
Como se não bastasse a falta de criatividade em se tratando de um tema já batido, a trama de Ridley Scott ainda peca em outros pontos. O roteiro é ruim, a história por si só já é pouco interessante e ainda é embalada por músicas típicas do Oriente Médio - o que torna o filme ainda mais chato e maçante. Além de tudo, não há a mínima construção dos personagens; pouco se sabe quem é Roger Ferris (Leonardo DiCaprio) e Ed Hoffman (Russel Crowe); parece que foi tudo feito com tanta pressa que acabou faltando tempo para se criar uma personalidade para os personagens - lamentável.
Outro ponto que achei absolutamente sem sentido é o relacionamento que envolve o personagem de DiCaprio e a atriz Golshifteh Farahani, que interpreta Aisha - uma médica local. Totalmente clichê e fora de contexto, o pseudo-relacionamento esfria completamente a já defasada e incorreta trama - fazendo com que o espectador se aborreça ainda mais com o produto.
Ridley Scott peca em "Rede de Mentiras" e nos traz um filme vazio de conteúdo e sem a mímina graça. DiCaprio e Crowe salvam o filme, o que ainda assim não torna "Rede de Mentiras" um produto recomendável. O pior de tudo é que um assunto que deveria ser tratado com tanto cuidado e no mínimo promover uma reflexão por parte do espectador, acaba se tornando fútil e pretensioso do jeito que é. Sem dúvidas um dos filmes mais decepcionantes que vi ultimamente.
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Minha Nota: 5.0

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Vicky Cristina Barcelona (Vicky Cristina Barcelona, 2008)

Por Bruno Pongas
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Woody Allen é um dos cineastas mais regulares em atividade nos dias de hoje. É impressionante o fato de ele lançar praticamente todo ano um novo filme, e, ao contrário de muitos que costumam produzir rapidamente e com muita frequência, mas não necessariamente com qualidade, Allen consegue nos brindar a cada ano com agradáveis surpresas.
Se "Match Point" foi um marco em sua carreira, com um roteiro inteligente e bem construído, capaz de intrigar o espectador até o seu final, o mesmo podemos dizer de "O Sonho de Cassandra", embora esse não goze do mesmo brilhantismo de seu antecessor e siga praticamente o mesmo modelo. Esses foram apenas dois exemplos de filmes recentes de Woody Allen que me chamaram bastante a atenção - ambos muito originais, intrigantes, apreensivos e surpreendentes.
Em "Vicky Cristina Barcelona", Woody Allen deixa de lado o suspense e o drama para mergulhar em um gênero bastante difícil de se fazer com originalidade - a comédia. O palco não poderia ser mais propício - as 'calientes' e belas cidades de Barcelona e Oviedo, na Espanha. Um fato curioso é que o cineasta hollywoodiano é um dos poucos que se arriscam fora dos Estados Unidos; seus últimos filmes foram todos filmados em solo europeu, utilizando-se assim de toda a beleza das cidades do 'velho continente'.
Os personagens foram escolhidos a dedo; Scarlett Johansson é novamente uma das protagonistas do diretor, e mais uma vez executa seu papel com excelência na pele da impulsiva Cristina. Contudo, não foi seu desempenho que me chamou atenção; Javier Bardem se consolida cada vez mais como um dos melhores atores dessa nova geração. Após fazer bonito no dramático e sensível "Mar Adentro", Bardem se tornou ainda mais conhecido do grande público após interpretar o macabro vilão Anton Chigurh, no premiado "Onde os Fracos Não Têm Vez". No seu novo filme, o ator está na pele do esteriotipado Juan Antonio, típico espanhol sedutor e cativante, que, com seu charme e despreocupação, tenta levar as mulheres para a cama. Ao mesmo tempo em que é conquistador e carismático, ele vive em problemas com sua ex-esposa - a problemática Maria Elena, vivida pela outra grande chave da trama, a também espanhola Penélope Cruz. A personagem de Penélope é tudo que não se deseja em um relacionamento: neurótica ao extremo, doida, desconfiada e com tendências suicídas. Acostumada a ser dirigida pelo seu compatriota Pedro Almodóvar, a atriz se sai maravilhosamente bem nas mãos de Allen e faz uma atuação marcante - desde as divertidas discussões em espanhol com o ex-marido até a bela cena do beijo com Scarlett Johansson.
Em linhas gerais o filme é excelente, encantador do começo ao fim e muito bem dirigido. Para quem achava ou acha que Woody Allen está ficando velho e sem o mesmo talento de outrora, tenho certeza que está bastante enganado, pois dessa vez ele nos brinda com uma comédia de verdade e pra lá de original.
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Minha Nota: 9.0

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Sete Vidas (Seven Pounds, 2008)

Por Bruno Pongas
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Will Smith volta às telonas mais uma vez. Após arrecadar milhões com os blockbusters "Eu sou a Lenda" e "Hancock", Smith volta a fazer drama com o irregular "Sete Vidas". É inegável que o astro de Hollywood tem talento, e isso foi mais do que provado em "Ali" - que lhe rendeu uma indicação para o Oscar de 2001 - e no já citado "Eu sou a Lenda".
Smith se acostumou a fazer dramas, e a partir do momento que descobriu seu talento para a coisa, passou a fazer um atrás do outro - obviamente isso não garante a qualidade de seus filmes.
Em "Sete Vidas" Smith revive a parceria de sucesso com o diretor italiano Gabriele Muccino, que o havia dirigido em "À procura da felicidade" - também indicado ao Oscar de melhor ator. Podemos dizer que o novo "Arrasa quarteirões" de Will Smith não é um desastre - principalmente pelas sólidas atuações do trio principal, que ainda conta com Rosario Dawson e Woody Harrelson.
O roteiro é muitíssimo interessante, mas a opção de desconstruí-lo ao longo da trama seria boa apenas se ele fosse melhor trabalhado; ou seja, é um bom roteiro, só que mal executado. O desenrolar da história é lento e tediante, o que chateia um pouco o espectador, pois falta aquele suspense que faça o público se prender totalmente ao filme. O final, apesar de previsível para os mais atentos, é em certo ponto revelador - de longe a parte mais impactante da nova empreitada de Will Smith.
A tal jornada de redenção pela qual passa Ben Thomas - personagem de Smith - me pareceu um tanto quanto forçada; é claro que ele cometeu um erro gravíssimo no passado e tenta recompensá-lo no futuro; no entanto, a maneira pela qual ele tenta se redimir soou um pouco exagerada. É claro que cada um enxerga as coisas de uma determinada maneira, ainda mais carregando o peso de algo grave no passado, mas creio que ninguém faria o que Thomas faz durante a trama.
"Sete Vidas" não é um bom filme, pois peca em diversos aspectos; entretanto, também não é dispensável. Saí do cinema com a sensação de uma excelente história, mas que se melhor trabalhada, poderia ser muito mais do que se apresentou no produto final.
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Minha Nota: 6.0