quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O Corajoso Ratinho Despereaux (Tale of Despereaux, The, 2008)

Por Bruno Pongas

Ultimamente a indústria do cinema tem se inclinado cada vez mais para o ramo da animação. Uma das maiores produtoras desse gênero, a norte-americana Pixar, tem nos apresentado a cada ano uma agradável surpresa. Foi assim com "Vida de Inseto" (1998), "Os Incríveis" (2004), "Ratatouille" (2007) e mais recentemente "Wall-E" (2008) - para mim a obra-prima da produtora.
É consenso que muitos desses filmes abordam um tema que geralmente sensibiliza o espectador - os animais. Poderia citar uma infinidade de animações que tratam e humanizam os queridos bichanos. Uma das principais - talvez a melhor de todos os tempos - é o aclamado "Rei Leão" (1994). Os donos do reino animal fizeram e fazem grande sucesso até hoje, desde crianças até adultos - prova de que o gênero apenas cresceu com o passar dos anos.
"O Corajoso Ratinho Despereaux" chegou aos cinemas brasileiros com certa expectativa. A sinopse interessantíssima deve ter levado muitas pessoas ao cinema na promessa de mais uma grande obra. Outro aspecto atrativo é o elenco estelar; no papel principal está Matthew Broderick, nada mais nada menos do que o dublador do carismático Simba. Junto a ele temos o premiado Dustin Hoffman - duas vezes vencedor do Oscar de melhor ator -, Emma Watson - a Hermione de Harry Potter -, além de Richard Jenkins, Sigourney Weaver, Kevin Kline, entre outros.
Com tantos prós aparentes, comecei a assistir a trama com bastante entusiasmo. No entanto, minhas perspectivas positivas foram por água abaixo logo nos primeiros minutos do longa. Só para situar o leitor, a história se passa em uma espécie de reino mágico que vive em absoluta felicidade. Contudo, após um acontecimento acidental provocado pelo ratinho Roscuro, o reino se vê mergulhado em uma tristeza profunda e os ratinhos, que outrora conviviam pacificamente com os seres humanos, se veem obrigados a ficar escondidos para sempre.
É nesse contexto que nasce Despereaux Tilling, um corajoso rato que fará tudo mudar de figura - nada mais clichê. Talvez eu esteja desacostumado com o alto nível do gênero nos últimos anos, quem sabe tenha sido por isso que achei a trama fraca e sem graça nenhuma. De fato, pelo que vi, o público alvo do desenho é mesmo o infantil - que com toda a certeza é pouco exigente com a qualidade do produto final.
Existem também algumas semelhanças com "Ratatouille". É inevitável não pensar na animação da Pixar ao ver o início de "O Corajoso Ratinho Despereaux". A temática é bastante parecida; existe o cozinheiro que tem que fazer um prato delicioso como prova de competência e o ratinho encrenqueiro - que aqui, por mais que fique de fora dos preparativos do prato, faz lembrar e muito o Remy de "Ratatouille". Felizmente as semelhanças param por aí, pois ao julgar pelo começo, parecia mais uma cópia empobrecida da obra anterior. Ainda na parte das igualdades, existe uma paródia divertida ao filme "Gladiador" - possivelmente a melhor cena de todas.
"O Corajoso Ratinho Despereaux" nada acrescenta ao ascendente gênero da animação. O roteiro fraco assinado por Gary Ross ajuda a afundar ainda mais a trama dos diretores Sam Fell e Robert Stevenhagen. Um ponto positivo do longa, talvez o único, é a qualidade da animação em 3D - inegávelmente do mesmo nível dos seus concorrentes. Mesmo assim, o produto ainda é totalmente dispensável, seja ele para crianças ou adultos; com certeza um dos piores filmes que vi ultimamente.
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Minha Nota: 5.0

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